Challenge {z.m}

21. Police

{Zayn On}

Quando o primeiro fecho de luz cobrira o meu rosto e me fizera despertar lentamente, ficara feliz por ter conseguido descansar alguma coisa depois de tudo o que havia acontecido. Não me lembrava de como tinha ido parar ao sofá, de como me tapara e fechara os olhos para cair num sono profundo. Parecia que tinha saído à noite com amigos, bebido uns copos de tal modo que ficara bêbado até não me lembrar de nada. Levantei-me do sofá e segurei no meu casaco vestindo-o de seguida, caminhando para fora da divisão para – eventualmente – encontrar alguém acordado. Na cozinha estavam a minha irmã mais nova e Aimee que parecia distraída com algo, provavelmente a arranjar alguma coisa para comer visto que mexia atentamente na torradeira.

- Bom dia! – Disse com algum receio das suas reações. Tinha mesmo muito medo de como seria a minha relação com as minhas irmãs a partir de hoje, o que ontem deu para perceber que Whaliyha não parecia muito feliz comigo.

Depois do silêncio constrangedor a seguir às minhas palavras e de sorrisos pequenos como retribuição por parte das raparigas que estavam na divisão, passei por cada uma delas para as cumprimentar com um beijo na bochecha. Para além de um afeto que todos os dias fazia, abracei a minha irmã mais nova por trás, massajando os seus ombros nos finalmente. Ela ainda murmurara algumas coisas impercetíveis ao qual eu não consegui responder por não ter percebido o suficiente.

- Eu estou a preparar torradas e sumo, queres? – Aimee questionou, interrompendo o momento entre irmãos.

- Não, obrigada. – Em palavras arrastadas pelo meu sono, respondi calmamente, acompanhado por um pequeno sorriso que se formara ao ver que a rapariga estava diferente de todas as outras maneiras de como eu já a tinha visto. Mesmo assim, simples e sendo somente ela, sem maquilhagens ou acessórios ou simplesmente roupas combinadas e formais, era uma rapariga bastante bonita.

- Vais ficar sem comer? – Questionou novamente. Uma Aimee com os cabelos pretos atados num puxo, revestida por um pijama branco com uns ursinhos em tons de azul e amarelo e umas pantufas com bastante pêlo. Entretanto, aproximei-me dela, a uma distância consideravelmente pequena e segurei numa das suas mãos enquanto a outra subira para acariciar a sua bochecha onde estava desenhadas pequenos vincos como sinal da sua noite bem dormida, assim eu esperava, pois era grande o seu cansaço na noite anterior.

- Eu como alguma coisa depois, agora tenho assuntos a tratar. Importaste de ficar com as minhas irmãs por umas horas? Eu preciso de ir aquele sítio que ontem falámos. – Respondi, entre códigos, para que a minha irmã esperta e perspicaz como sempre, não entendesse para onde eu ia.

- Vai descansado Zayn. – A rapariga de olhos verdes olhou-me nos olhos e sorriu. – Mas acho que devias alimentar-te, não comes à horas! – Meio que ralhou. – Mas tu é que sabes e se não tens apetite também não te posso enfiar comida pela boca a dentro. Ficas bem sozinho?

- Não te preocupes Aimee. Eu fico bem e eu prometo ser breve. – Sorri uma última vez. – Quando estiver despachado, eu telefono para ti. – Não tardara até os seus lábios embaterem contra a minha bochecha lentamente, fechei os meus olhos por alguns segundos deixando-me levar pelo momento leviano. Cada vez tornava-se mais complicado ignorar o afeto ou carinho que nutria pela rapariga a quem estou agarrado, evitar cada toque em uníssono dos nossos corpos, esquecer-me de que o beijo que ocorreu na madrugada passada fora apenas uma coisa de momento. Suspirei, deixando os sentimentos que em parte insistiam em navegar na minha mente. Eu tinha que acabar com esta mentira. Não era justo para mim e muito menos para Aimee. Ela é uma rapariga excelente que merece ser amada por alguém realmente, não por um hipócrita e egocêntrico como eu. 

O sentimento que nutria por Aimee não era mais para além de uma amizade que precocemente foi construída, infelizmente, cabe-me a mim agora esclarecer-lhe isto e assistir ao seu coração a espezinhar-se à minha frente. Os seus olhos claros, os seus cabelos negros, compridos e com fortes ondulações, assim como a sua face engraçada faziam-me ficar de uma forma que eu já desconhecia há bastante tempo, algo como aquecer-me a alma. O meu coração já não acelerava as suas batidas há muito e estarmos tanto tempo juntos não ajuda em nada nesta união de sentimentos conturbados, o nó na barriga que se formara já não compactuava com a ocasião e o futuro já não me preocupara. Pelo menos a seu lado. Não me considero de todo apaixonado apenas com uma atração, digamos que, forte ou persistente.