Challenge {z.m}

4. Conversation

Aimee On

Encaixo mais uns sapatos na embalagem para estes seguirem para as vendas nacionais enquanto sopro alguns cabelos do meu rosto que caem devido ao excesso de trabalho que hoje foi proporcionado a todos os trabalhadores.

Assim que termino o meu turno, olho para a imagem que está ao meu redor, e não encontro Mermaid – esta estava de folga hoje por motivos pessoais -, o que demorou algum tempo mais a passar este dia. Normalmente, as conversas que temos fazem com que o tempo passe a voar.

Pego nos meus utensílios básicos e abandono a zona industrial, caminhando pelos corredores estreitos da fábrica. Na curva, onde se encontra a máquina de bebidas quentes e da comida, está o rapaz novato do emprego. A sua mão move-se lentamente até aos seus lábios, bebericando do seu café curto. Exponho um sorriso pequeno nos meus lábios e caminho até ele, pode ser que aconteça agora a conversa que prometi a Scott devido aos seus exageros habituais.

Não tenho como adivinhar o seu nome, a farda do trabalho já não está vestida no seu corpo como consequência também a falta do crachá que indicava o seu nome.

“Olá. Será que podíamos falar?” Tiro do meu porta-moedas, uma quantia exacta e coloco na máquina para que esta me suceda um cappuccino bem quente.

“Olá e sim. Eu acho que podemos falar.” Riposta e finalmente encara-me. Consigo observar na perfeição em como o seu rosto está cansado, no quão grande as suas olheiras estão por baixo dos seus olhos, de como está – literalmente – com falta de cuidados consigo mesmo. A sua barba felpuda fala por si mesmo ou então é apenas um estilo que decidiu aderir. “Precisas de alguma ajuda com o trabalho? É que eu não posso agora, eu tenho de ir já embora.” Explica-se.

“Está descansado… Hm, qual é o teu nome?” Penso que corar neste momento não era das melhores hipóteses para mim, além disso, ao que parecia o rapaz estava com pressa e eu não iria roubar muito do seu tempo.

“O meu nome é Zayn.” Indiferença está na sua voz.

“Como eu estava a dizer, eu não preciso de nada de ti por agora, só gostava de ter uma pequena conversa contigo.” Adianto e espero para ver a expressão que se desenha no seu rosto: uma expressão confusa e bastante detalhada. As suas sobrancelhas estão arqueadas enquanto o seu nariz se franze e o interior da sua bochecha é mordiscado.

“Eu sinto muito mas eu tenho mesmo de ir.” O rapaz, Zayn, insiste e eu começo a pensar em desistir nos primeiros segundos. Solto um suspiro e abro a bata, tirando-a dando lugar há minha roupa de saída.

“Eu acho que se te roubar alguns minutos não irá fazer muita diferença. Para começar o meu nome é Aimee.”

“Aimee, eu sinto muito mas eu tenho mesmo que ir.”

“Eu só quero falar contigo durante alguns minutos, eu prometo não roubar muito do tempo. Aliás, não o irei fazer e para isso, deixa-me iniciar e não me interrompas.” Coloco a bata no meu antebraço e levo o cappuccino aos meus lábios, a minha língua queima-se assim que esbato os meus lábios no quente, contudo nada digo.

O ambiente está mais que pesado nesta altura, o que me transtorna. Estou habituada a dar-me com pessoas de bem, que dão a cara por aquilo que realmente fazem, que têm bom sentido de humor e sabem ter uma boa conversa. Primeira visão do rapaz não me demonstra isso. Ele parece-me perdido e sem tempo para nada. Noto-o a olhar para o relógio e depois para mim. Sorrio-lhe. Zayn não retribui, nem por pura simpatia sarcástica.

“Diz lá.” A sua voz derrotada é pronunciada.

“Eu tenho olhado para ti nestes dias e começo a preocupar-me. Enquanto nós estamos numa onda de conversa para nos conhecermos e deixar desta maneira, o ambiente mais alegre, tu estás a trabalhar arduamente. Nem uma pinga de água bebes, não paras sequer para fazer uma refeição.”