Challenge {z.m}

52. Impact.

- Bom dia mãe. – Avanço na sua direção e dou-lhe um beijo no cimo da cabeça, recebendo um sorriso em troca. – Já tomaste o pequeno almoço?

- Bom dia filhote. Já comi e estou ótima, não é necessário impingires mais comida à tua mãe. – Gargalhou. – Hoje vou demorar um pouco mais na clínica, a consulta de quinta-feira mudou para hoje, faço logo duas sessões de fisioterapia.

Encho a taça dos cereais com um pouco de leite e sigo até à pequena mesa no centro da cozinha, onde já estava sentada a minha mãe para me dar o prazer da sua companhia. Levo a primeira colherada do pequeno almoço à boca sempre com o seu olhar fixo em mim. Quando o faz, tenho a sensação de que me está a querer perguntar algo.

- Satisfaz a tua curiosidade, mãe. – Gargalhei.

- Não quero nada... - Ela arrasta e cruza os seus braços em cima da mesa. Ergui a sobrancelha como quem diz que as suas palavras não estão a ser verdadeiras e que a conheço demasiado bem para me tentar omitir um assunto. – Ok... Eu não consigo ficar calada. Queria sentar-me contigo à mesa durante alguns minutos e aproveitar para saber o que se passa na cabeça do meu filho. Estou no direito?

- Claro, mãe. Podes perguntar o que quiseres. – Assenti. Olhei o relógio pregado na parede e fiquei descansado por esta manhã ainda ter tempo para ter uma simples conversa com a dona de casa a respeito da minha vida e ainda ter tempo para ir para o trabalho descontraidamente.

- Há três aspetos que quero falar contigo. A primeira coisa que quero saber é tão simples quanto saber em que dia é a primeira ecografia do vosso bebé, gostava muito de vos acompanhar à clínica e assistir ao vosso primeiro momento enquanto pais. – Sorri com a sua questão. Eu mesmo estou excitado para que esse dia chegue, mal posso esperar.

- Olha mãe, sinceramente gostava muito de te ajudar, mas eu mesmo não te sei responder porque ainda não falei com a Aimee. Ela ficou de ligar hoje para a clínica assim que saíssem as suas folgas. Vou ter de trocar a minha folga com alguém para que possa acompanhá-la ou até mesmo fazer uma hora ou duas a mais para compensar. Não vou faltar evidentemente.

- Assim que souberes diz-me, querido. Estou muito ansiosa. Ser avó é ser mãe duas vezes. – Ri. – A segunda coisa que quero falar contigo está dentro do assunto do bebé. A Aimee vai ser mãe, tu vais ser pai de um bebé que estamos todos curiosos de conhecer, com o seu nascimento vai gerar-se uma família. Uma família que quererá o seu espaço, a sua privacidade...

- Onde queres chegar com esta conversa, mãe? Eu não pretendo deixar-vos. – Evito a conversa que não quero que aconteça de todo. – Sei que há muito coisa que vai mudar na minha vida e que eu tenho de pensar nessas mudanças rapidamente, mas eu quero fugir. Não sinto que esteja a fugir às responsabilidades, mas sim à realidade. Eu não quero ter de sair desta casa para ir para uma completamente desconhecida, não quero deixar-vos sozinhas. Também não vou pedir à Aimee que venha para aqui, eu conheço-a, ela é demasiado independente... Também não vou invadir o vosso espaço, vamos ter um bebé, não um boneco.

- Chegaste ao ponto onde eu queria chegar. Sou tua mãe, está na hora de largar as tuas asas e deixar-te voar alto. Eu estou a ficar bem, não preciso que estejas sempre aqui para me salvaguardar. Como disseste e bem, vais ter um bebé e não vais sequer pôr em hipótese de submeter a escolha a Aimee de virem morar para aqui. És um homem feito, irão ter uma casinha por mais modesta que seja à vossa vontade e fazer dela o que quiserem. – Sorriu. – Vai correr tudo bem. – A sua mão passeia diretamente para a minha bochecha, acariciando-a. – Estou tão orgulhosa na pessoa que te estás a tornar. És lindo aos meus olhos e naqueles que te amam. – Também eu sorrio com as suas palavras mimosas.