Challenge {z.m}

49. Together

Acordei com alguma fome, algo que não era habitual. Normalmente não sinto necessidade de tomar o pequeno almoço, apesar da minha mãe ralhar imensas vezes comigo por não o fazer, argumentando que é uma refeição importante e que não é uma boa opção saltá-la. Com algum jeitinho, saí da cama sem acordar Zayn, que insistiu ficar comigo em casa durante esta noite por não estar preparado para ir à sua e contar a novidade mais recente. Deixei-o, gostava de estar sozinha com ele mais vezes, o que poderá ser algo mais rápido que o normal, visto que iremos ser pais. Pais. Ainda não consigo acreditar que vou ser mãe. Não consigo acreditar que no meu ventre está a crescer um bebé.

Passei primeiramente pela casa-de-banho, onde fiz as minhas necessidades fisiológicas e a minha higiene pessoal, antes de entrar pela cozinha dentro e ligar a torradeira. Duas torradas com doce de abóbora e um café com leite não seria má ideia. Sei que se deve ter cuidado com a alimentação na altura da gravidez devido à produção de leite para amamentação, contudo, não faço a mínima ideia dos alimentos a evitar. Sinto-me uma ingénua neste assunto do pré-natal. Escolhi uma cadeira e sentei-me junto da mesa, iniciando a minha refeição. O meu estômago roncava de satisfação conforme ingeria a primeira torrada. Estava realmente com fome e saciá-la era um dos meus objetivos no início da manhã.

- Então este barulho todo devia-se a uma fome repentina? – Os olhos castanhos do meu namorado entram pela cozinha e encaram-me com um sorriso e braços cruzados na ombreira da porta. Também a sua perna direita estava cruzada com a esquerda. Tratava-se de uma pose absurda quando Zayn estava satisfeito com alguma coisa, mais precisamente, quando achava graça a algo como é o caso. – Bom dia Aimee.

- Bom dia babe. Acordei com fome. – Dei de ombros. – Ao que parece vou ter de me habituar a isto. Ah, e desculpa por ter-te acordado, não consegui fazer menos barulho. – Desenhei um pequeno sorriso na minha face.

- Não tem problema. – Sorriu também e avançou até mim. Sentou-se na cadeira ao lado da minha e puxou a minha mão, trincando a minha torrada. Sorri com o seu gesto e estiquei os meus lábios. Queria o meu beijo de bom dia, já que logo de manhã entrou em plena cozinha a ralhar com os meus barulhos momentâneos. Zayn cedeu. – O que é que vais fazer hoje?

- Vou trabalhar, hoje não estou de folga. – Fiz um beicinho.

- Tu vais trabalhar? Assim? – Zayn parecia-me espantado com os meus afazeres. Também eu gostava que a gravidez fosse um impedimento para trabalhar, todavia, tal não acontece. Pelo menos na fase inicial. – Quer dizer, tu estás grávida. Não devias ficar em casa a descansar?

- Não sei se hei de me rir de ti, se hei de me preocupar. – Soltei uma gargalhada. – Eu posso trabalhar Zayn, aliás, tenho de o fazer para me sustentar.

Não será a gravidez um impedimento para mim de levar a vida como anteriormente. Continuarei a mesma Aimee trabalhadora, com tempo para as suas coisas, estar com os amigos, para ir ao supermercado quando necessário comprar alguns produtos, para limpar a casa e passar a ferro. Ter tempo para ir à minha terra natal visitar os meus pais e o meu irmão. Eles vão ser avós e tio, respetivamente. Nunca pensei que o meu pequeno Bryan fosse ser tio em menos de um ano. Ele é uma criança, não será a mesma coisa. Zayn desculpou-se e compreendeu a minha situação. Não posso julgá-lo na sua forma de agir quando eu mesma não sei como reagir a esta nova peripécia da vida. Unidos vamos aprender, temos que fazê-lo. A vida é assim: aprendemos e desaprendemos.

- O que pretendes fazer quanto, hm, à gravidez? Refiro-me a contar a novidade à família. – Zayn aborda-me.

Esta é uma questão em que a decisão não parte exclusivamente de mim. Eu sou a mãe desta criança, tenho pais que têm o direito de saber o que está de errado comigo, teoricamente falando, mas por outro lado, há a família de Zayn que tem tanto direito a saber quanto o meu lado. Olhei para o meu namorado e terminei de mastigar a minha torrada já fria.