Challenge {z.m}

8. Trust me, Zayn.

Zayn On

Coloquei as minhas mãos nos seus ombros o mais rápido que pude, afastando-a do calor do meu corpo. Eu não quero de todo começar a ter este tipo de intimidades com a rapariga que me ajudou a desabafar e que corre atrás de mim o tempo todo para tentar sacar-me informações quando eu prefiro se quer nem lembrar-me parte dos assuntos. Mas que raio posso eu fazer quanto a isso, quando no fundo já me comecei a deixar levar pelo gosto de estar com Aimee e de querer organizar um início de uma amizade com a mesma?

“Desculpa Aimee, se calhar é mesmo melhor ficarmos por aqui. Eu não estou habituado a estas coisas.” Admito e afasto-me dela com alguns passos até atrás do sofá. Noto o seu sobrolho a franzir e um suspiro a escapar dos seus lábios. Ela deve saber que comigo não irá ser fácil lidar, todavia, ela parece nem querer saber disso. Que rapariga insistente!

“Do quê Zayn? Não estás habituado a estar com pessoas de fora a quererem tentar aproximar-se de ti para te tentarem ajudar? Esse teu orgulho, literalmente, ferido não te irá levar a lado nenhum e honestamente, não vejo como vais conseguir superar os teus objetivos de vida com esse feitio.” Os cabelos negros da rapariga estão agora baralhados num monte devido à sua mão ter sido movimentada contra os mesmos.

“Não entremos por aí Aimee. Eu já te contei algo que ninguém devia saber se não eu e as minhas duas irmãs, portanto dá-te por feliz.” Resmungo e dou, uma vez mais, a volta ao sofá caminhando ajuizadamente até ao local que eu considero uma cozinha.

“E eu fico eternamente agradecida por teres confiado em mim, mesmo que não me conheças um terço do que eu sei da tua vida, mas vejamos que esse teu feitio e o querer afastar as pessoas de ti, não te vão levar a lado nenhum.” Oiço-a agora mais baixo devido a estarmos a uma distância considerável e apenas ignoro, segurando num dos panos gastos enquanto começo a limpar alguma da loiça que havia ficado no pendura a secar. “Zayn… Eu estou a falar contigo.”

“Estou a ficar frustrado com a tua conversa! Eu sou assim e não vou mudar até eu ter tudo o que tinha comigo anteriormente.” Bato com o meu punho no parapeito da minha bancada, obviamente constrangido com as duas indiretas mais que diretas.

“Tudo bem, eu paro! Mas pensa no que eu te disse Zayn. De qualquer das maneiras, espero que vás ao meu encontro para eu saber mais novidades da tua mãe e das tuas pequenas irmãs.” Sinto a sua mão no encaixe entre o meu ombro e pescoço e os seus lábios a chocarem rapidamente na minha bochecha. “Fica bem rapaz.”

“Hum-hum.” Murmuro e solto um suspiro longo, descansado por, finalmente, não ter de responder e falar educadamente com ela.

“Posso ao menos despedir-me da Safaa e da Whaliyha?” Afinal, ela ainda está aqui a observar-me.

“Yap.” Digo desta vez descontraidamente.

“Se precisares de alguma coisa…”

“Eu já sei Aimee, ok?” Corto-a. Eu não gosto de ser rude com ninguém mas o meu feitio está a ser completamente incompatível com a curiosidade da pequena rapariga dos cabelos negros. Ela realmente soube como me tirar do sério com simples palavras.

Olho de relance para o lado oposto ao qual havia olhado e reparo na forma como Aimee abandona a minha cozinha, caminhando lentamente até à entrada do hall, procurando certamente onde fica o quarto das minhas meninas mandrionas. Estou chateado e cansado demais para dizer-lhe que fica à sua direita, portanto, prefiro neste momento deixá-la na ignorância e a procurar sozinha.

Resumindo tudo o que se passou hoje, que de certa forma, fora um dia cheio de emoções fortes. Consegui aproveitar a minha folga para ir buscar as minhas irmãs à escola, para ir ver a minha mãe ao hospital de manhã e ver o quão fraca ela continua – infelizmente -, para rever a cara da minha cara colega da fábrica de sapatos – Aimee -, que curiosa como sempre conseguira levar o melhor de mim e descobrir o quão frágil eu sou. Nada de realmente importante, estarei certo?