Challenge {z.m}

20. After

{Aimee On}

Arrisco em tirar os seus braços do meu corpo e a olhar nos seus olhos mal o nosso pequeno momento termina. Eu consigo descrever cada detalhe perfeito e tão imperfeito do rapaz à minha frente mesmo que todas essas imperfeições sejam tão perfeitas ao mesmo tempo para mim, porque no lugar das aparências existe um coração. Um coração meigo, bonito, cheio de simplicidade assim como eu. Sendo eu rodeada de simplicidade. Os seus olhos castanhos mostram carinho, alguma sabedoria no assunto ao qual nos estamos a proporcionar e os seus lábios deixam escapar um ligeiro sorriso. Um sorriso que faz as suas rugas de expressão aparecerem no canto dos olhos revelando a sua pele rasgada. Por outro lado, não consigo ter algum tipo de reação devido ao acontecimento que me deixou, certamente, abalada e bastante confusa comigo mesma.

- Desculpa. – Zayn pronunciou-se primeiramente. – Eu estou sem palavras, nem sei o que me deu na cabeça, na realidade. – Semicerrou novamente os seus lábios enquanto eu continuava a observá-lo. Não posso mentir quanto a estas palavras me terem magoado ligeiramente porque a verdade é que magoaram e fizeram-me sentir um aperto na barriga como antes não havia acontecido.

- Certamente tiveste um motivo para fazê-lo, nada se faz por acaso. – Contrapus e desenhei também um sorriso nos meus lábios. – Não importa Zayn o que está feito, feito está, não há volta a dar.

- Eu só não quero que fique um ambiente esquisito entre nós, por minha culpa. Estou farto de fazer porcaria hoje. Talvez se fosse deitar-me e tentar fechar os olhos, nada mais aconteceria. – Os seus lábios vibraram depois de um suspiro mais intenso. Desta vez, eu mesma sentia-me mal por parecer tão importada com o assunto que outrora havia mexido comigo ligeiramente. Fazendo o mesmo exercício de respiração que Zayn, acabei por capturar o seu físico mais uma vez esta noite.

- Não vai ficar, pelo menos assim espero. Eu vou continuar a apoiar-te em quaisquer circunstâncias e em troca eu só peço a tua amizade e a das tuas irmãs. Não é por um beijo, digamos que agradável, que vai acabar com aquilo que há de bonito na nossa relação. Podes ficar descansado Zayn. – Choquei a minha mão contra o seu ombro e sorri uma última vez.

Uma vez recomposta, larguei-me do momento embaraçoso que havia acontecido e foquei-me apenas na mão de Zayn que ainda continuava magoada. Depois de passado o creme para a queimadura, coloquei um adesivo apenas por precaução. Nestes últimos minutos, nada nem ninguém produzia um som que fosse, não sei se por motivos evidentes ou mesmo porque não havia assunto. Arranjar temas de conversa com o rapaz moreno, por vezes, não é de todo uma tarefa muito fácil. Nos minutos seguintes, peguei em duas canecas com o preparado e entreguei uma ao rapaz que me entreolhava sem desviar a sua atenção evidente. Sentei-me então, por fim, à sua frente.

- Estás a pensar no mesmo que eu? – Pronuncia-se com uma bolacha de pepitas de chocolate na boca.

- Eu não faço a mínima ideia do que estás a pensar Zayn. – Beberiquei da minha caneca azul-turquesa. O doce fluía pela minha língua, adoçando rapidamente o meu sistema digestivo.

- Eu estava a pensar que nós raramente temos uma conversa, a bem dizer, normal. Conversamos sobre tudo o que a mim me diz respeito ou à minha família e de outras coisas, nada. E depois do que aconteceu, ficar sem um tema de conversa é ainda mais suspeito. – Eu não quero de todo que o nosso beijo seja o motivo de desculpa para a nossa falta de temas. Como sempre o faço, sorri perante a sua observação. – Podíamos falar um pouco sobre ti ou a tua família. Eu nem tive oportunidade de agradecer ao teu pai como deve ser, que vergonha! – Zayn manifestou-se.

- Zayn esquece o que aconteceu. Foi apenas uma coisa de momento em que ambos quisemos. Não vamos usar isso como desculpa de nada no futuro. – Disse calmamente. Engoli em seco e olhei a sua expressão agora indecifrável depois de todas as minhas palavras. – E quanto ao meu pai, não precisas de preocupar-te com isso agora. Ele compreendeu perfeitamente que o que se passou foi uma coisa grave e que tu certamente não estavas ou estás com cabeça para nada.