29. Institution

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{Zayn}

A minha vida tem estado uma lástima durante o prolongamento desta semana, deixando-me exausto e sem paciência para coisas que, passaram para segundo plano sem que eu mesmo tenha percebido. Decidi não lutar contra eles porque se fossem realmente importantes para mim, eu quereria saber da sua existência. Esta semana envolveu-me nas minhas típicas embrulhadas que me deixam angustiado e mal disposto. Eu só peço paz e alguma sorte, eu não preciso de nada mais, apenas a minha família comigo e comida na mesa para que sobrevivamos. No primeiro dia útil da semana, tive que prestar novas declarações à esquadra, tendo que ignorar todo o orgulho que tinha acumulado para expressar quaisquer palavras que fossem com as pessoas que me humilharam e espezinharam quando estava mais fraco. Fiquei a saber que em breve poderia voltar para a minha casa, uma vez que já tinham feito todos os testes e retirado todas as provas do crime que eu cometi indiretamente. Nesse mesmo dia, a coragem levou-me até ao bairro, dando de caras de imediato com a vizinha do rés do chão, olhando-me com desdão. Eu não ia ficar triste, não quando a mulher só se sente bem com a tristeza e a maldade nos outros.

A minha casinha estava intacta exteriormente, havendo uma certa esperança pelo lado interior da mesma. Quando entrei, senti os meus olhos a sorrirem demonstrando as pequenas rugas nos cantos, feliz por ter o sofá de couro intacto, pela televisão velha continuar amontoada na pequena mesa da sala, por todos os eletrodomésticos (por poucos que tivesse) estarem no seu devido lugar, mesmo depois do pequeno incidente.Também um sorriso foi adotado nos meus lábios. A única coisa que não estava no sítio era o fogão, estando este agora tapado para que, eventualmente, não corresse nenhum perigo desnecessário. Sentia-me bem por estar sozinho no sítio onde fui criado durante alguns anos. É bom voltar às origens e, sinceramente, por muito que Aimee me trate bem e me ofereça todo o conforto do mundo, aquela não é a minha casa e nunca será.

Depois de ter sabido que a minha vida se estava a compor aos poucos, o resto da semana tornou-se no hábito que já era antes de todos os meus problemas começarem a sobrepôr-se uns aos outros. Os dias eram passados na monotomia de casa, trabalho, hospital, casa. Não me posso queixar, tenho um teto que me fora oferecido e comida na mesa como já não o tinha à meses. Para acrescentar, tenho a rapariga dos cabelos negros e olhos verdes. Ao longo do tempo, sendo que estou junto dela todos os dias, tenho percebido que já não sou o mesmo rapaz. Consigo perceber que tenho sentimentos por ela mas não consigo perceber que tipo de sentimentos são. Serão estes sinceros ao ponto de admiti-los? Tenho receio, tudo o que eu não quero é magoá-la e muito menos perder a sua amizade.

***

Chegou o dia pelo qual esperava há imenso tempo. Parecendo que não, passaram-se quinze dias desde que um dos piores dias da minha vida se sucedeu. Como é suposto descrever a minha vida monótoma a partir daí? Claro está que não tem sido fácil mas o desafio é mesmo esse. Desde que tiraram as minhas irmãs do meu caminho, consegui apenas ouvir as suas vozes uma vez através do aparelho eletrónico que cederam num sábado à noite. Ouvir a voz de Safaa, chorosa, magoou-me assim como me magoou ouvir a voz de Whaliyha desesperada por atenção, entristecida pela minha atitude. Eu não podia fazer nada, isso é certo como o destino, contudo eu poderia ter tentado lutar. A vida é concebida através de batalhas da qual apenas cada um é responsável por sair como vencendor.

- Aimee, por favor, despacha-te. – Volto a reclamar, unindo as minhas mãos para me proteger do frio. Infelizmente, este era mais um dos muitos dias que o sol decidiu não romper pelas núvens, com o objetivo de iluminar um pouco do meu dia. Eu não precisava disso, pelo menos hoje.

- Estou só a acabar de calçar as botas, tem calma! – Aimee responde-me paciente. Por vezes, a sua paciência faz-me levar aos meus limites. – Já aqui estou. – A morena bufa, pousando a sua mala castanha no ombro.

Challenge {z.m}Onde histórias criam vida. Descubra agora