37. 15th

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Burocracias e mais burocracias. Estou fatigado quanto a todas as regras implícitas na sociedade, das pessoas não respeitarem a liberdade de cada um, de não me deixarem simplesmente viver à minha maneira. Uma forma ligera de descrever a situação que tenho vivido juntamente com a minha mãe durante as últimas duas semanas. Nunca uma luta foi tão extensa quanto esta. As minhas energias estão a desvanecer-se conforme o tempo passa assim como o dinheiro cada vez mais escasso. Cada papel que assino, cada consulta por intermédio do advogado custa-me um balúrdio exurbitante.

O processo está cada vez mais lento, das poucas investidas que tivemos a nosso favor depressa se dissolveram quando a falta de dinheiro começou a surgir. Devo agradecer profundamente a Aimee, que se tornara oficialmente minha namorada, por continua a ajudar-me, não apenas psicologicamente mas também a nível monetário. Ela, assim como a sua família têm sido incansáveis. Pretendo devolver toda a ajuda financeira assim que tiver disponível, este é um assunto meu e da minha família e ninguém deve ficar fragilizado acerca deste assunto.

Apesar de tudo, o susto valeu-me a felicidade extrema das minhas irmãs quando as fui visitar na última vez. Nesse dia, levei a minha mãe comigo uma vez que Scott, o amigo irritante de Aimee, oferecera-me uma boleia até perto da instituição. Não quis dizer-lhe para me deixar no sítio específico visto que ele nada sabia da história e preferia que continuasse no segredo dos deuses.

"Olha a minha mãe, as suas mãos trementes, os seus olhos a brilharem quase como uma necessidade para soltar as lágrimas perdidas nas suas íris. Ela estava nervosa por mirar toda a instituição, todas as crianças que estavam ali perdidas sem pais que as amassem, estando com elas as suas duas filhas mas que, no entanto, tinham aqui uma mãe e um irmão mais velho para as acariciar sempre que necessário. Mas nem isso levaram à avante.

As suas mãos novamente se posicionaram sobre as rodas e começaram a rolar ao longo do chão trilhado de pequenas pedrinhas, algo que tem vindo a praticar regularmente para quando eu não estivesse disponível, se puder desenrascar. Novamente gritos eram ouvidos e as batas quadradas das educadoras começavam por surgir. A caminhada incessante terminara quando Anabelle, uma das educadoras mais velhas enquanto carreira, se aproximou. O seu semblante aparecia com um sorriso caprichoso, parecia-me honesto na verdade, contudo com esta gente há sempre reticências relativamente a qualquer gesto bondoso.

- Zayn Malik. - O meu nome fora pronunciado pelos seus lábios carnudos. Assenti e encarei a mulher com o cabelo pintado de vermelho. - Devo perguntar quem é esta senhora? Sabe que não podemos deixar entrar...

- É a minha mãe. Aliás, a nossa mãe. Mãe de Whaliyha e da Safaa. - Interrompi a senhora, não achando minimamente piada à sua converseta. - Eu gostava de puder não ser intersetado com questões minimalistas e aproveitar o pouco tempo que tenho com a minha família, agora reunida. - O meu ar zangão aparecera, estou cansado desta vida. Queria apenas ver as minhas irmãs e as suas reações ao verem a mãe pela primeira vez depois de largos meses que estivera no hospital a lutar pela vida.

- É claro, peço desculpa. Mas sabe que num perímetro como este, todos os cuidados são poucos. Não posso arriscar a vida destas crianças, esta é a única casa delas. - Não é como se a minha mãe, sentada numa cadeira de rodas, sem locomoção possível, pudesse apresentar qualquer tipo de ameaça para as crianças ou a instituição em si. Fico danado com estas pequenas coisas. - Acompanhem-me.

Foi assim que começou toda a aventura. Desta vez, empurrei a cadeira da minha mãe para que a caminhada até à sua felicidade fosse mais rápida. E então estavam lá elas, novamente separadas. Whaliyha ainda não havia deixado os seus fones e o seu cantinho silencioso e, contrariamente, Safaa não deixava os seus novos amiguinhos nem por nada. Ao menos uma que se pudesse divertir num antro como este. Não julgo a minha irmã mais nova, ela é pequenina, grande parte da sua vida foi um constante sofrimento e agora que pode aproveitar sentimentos positivos e inocentes como devia ser realmente a infância, fá-lo.

Challenge {z.m}Onde histórias criam vida. Descubra agora