One by One

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5— One by one

Harry Pov

Ainda era difícil dizer ao certo como eu me sentia ao olhar para aquela casa vazia.

Havia lembranças demais na rua dos Alfeneiros. Eram coisas tão confusas, se embaralhando na minha mente, que se tornava exclusivamente difícil compreender quando foi que havia me tornado... um homem.

O quanto isso poderia ser bizarro?

Quero dizer... eu não tinha muitas lembranças de quando era pequeno. Mal conseguia imaginar um cenário onde eu era criança e dependia de cuidados da minha tia. Imaginar Petúnia alimentando um Harry indefeso e bebê.

Quando será que, em minha infância, ela decidiu que eu deveria ser maltratado e abandonado? Ou talvez sempre tenha sido assim?

Eu sabia que era mal alimentado e mal cuidado ali, mas... será que o pequeno Harry também era?

Eu frequentemente me pegava pensando em coisas assim.

Quando foi que ela olhou para uma criança, e decidiu jogar todo o seu ódio sobre ela?

Talvez tenha sido mais fácil assim.

Porque pareceu tão simples para eles me deixarem, sem qualquer despedida, sem qualquer desejo de boa sorte, ainda que soubessem que talvez eu pudesse morrer ao pisar na esquina desacompanhado.

O que meus pais pensariam se soubessem disso?

O que Sirius faria?

A morte de Dumbledore me fez questionar muitas coisas que aconteciam em minha vida.

Muitas.

Principalmente o poder da escolha.

As coisas que meu padrinho costumava dizer sobre o poder das escolhas, sobre o lado no qual decidíamos agir... Bem, elas pareciam ainda mais verdadeiras agora, depois de tudo o que aconteceu sobre ele.

Draco Malfoy.

Ele também não saia da minha mente por um minuto.

Me perguntava frequentemente onde ele estaria. O que estaria fazendo.

Era estranho imaginar que, de uma hora para outra, já não éramos inimigos.

Agora ele era parte da Ordem, ele tinha estado no fogo cruzado como eu, e também havia perdido Dumbledore, que parecia ser nossa única segurança.

Agora Draco era tão órfão quanto eu, embora fossem casos diferentes.

Eu não tinha família porque todas as pessoas que um dia me amaram estavam mortas.

Draco não tinha, por escolha de seus pais.

Em qual dimensão isso poderia ter passado por minha mente?

Olhar para Draco, e me reconhecer na realidade dele?

Suspirei, caminhando incerto pela casa vazia, tentando encontrar em minha mente alguma memória remotamente feliz ali dentro.

O máximo que conseguia, era achar lembranças hilárias.

Tia Guida voando como um balão, após aquela discussão quando eu estava prestes a iniciar o terceiro ano.

Pouco antes de conhecer ele, Sirius.

Sorri, olhando pela janela, lembrando de quando entendi que ele não era um louco psicopata que queria me matar.

Bem, talvez um pouco louco sim, afinal.

Poucas coisas haviam me feito sentir tão feliz quanto o momento em que ele disse que poderíamos ser uma família. Que poderíamos morar juntos, que eu poderia ter alguém para cuidar de mim.

Efeito Borboleta || DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora