Sem Volta

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Notas Iniciais: ✌🏾😷 Sugiro que leiam os últimos 3 capítulos para melhor entendimento do que vai acontecer nesse.
Boa leitura!! :) 


    – Lauren! – O grito de agonia ecoou distante em seus ouvidos, se repetindo por mais duas vezes.

Uma explosão. Silêncio. De repente tudo se tornou escuro.

Quando voltou a clarear, a imagem era turva. Estava de noite. Os olhos ficaram muito mal nas três pessoas que a acompanhavam na carroça, – uma garoa fazia com que se parecessem fantasmas chacoalhando com o movimento do transporte. Para onde a levavam? A resposta não veio.

Mais uma vez tudo submergiu na escuridão.

Fogo. Um cheiro forte de carvão queimado bagunçava seus sentidos, embrulhando seu estômago. Uma dor implacável a impedia de se mover. De onde ela vinha? Era difícil identificar, sentia como se seu corpo inteiro tivesse sido dilacerado.

Outro desmaio.

Apenas na liminar da consciência, voltou a abrir os olhos. Se encontrava deitada numa cama. As imagens ainda não eram totalmente nítidas, entretanto, haviam se tornado mais claras. Onde tinham-na deixado? Tudo era branco e frio, sentia as mãos tremendo. Por falar nelas, algo estava diferente. Com muita dificuldade, as ergueu na altura do rosto. Estavam enfaixadas, – o corpo inteiro estava. Sua respiração começou a vacilar, logo em seguida foi acometida por uma tosse descontrolada, sentia-se sufocada. Quando pensou que desmaiaria novamente, sentiu um golpe intenso e rápido no peito.

Lauren acordou sobressaltada e ofegante. Ainda sob o efeito de alguma medicação forte em seu corpo dormente.

Encontrava-se deitada em um quarto, sozinha. Após longos segundos examinando minuciosamente o lugar, percebeu que não lhe era conhecido. O cômodo era pequeno e simples, não possuía mais nenhum móvel além da cama em que estava, – uma mesa de cabeceira a sua esquerda e um baú enorme à direita; uma cadeira velha também completava aquele cenário estranho; na parede da frente, havia um espelho rachado. Também existiam duas portas, – uma ao lado do espelho e a outra próxima ao baú; a janela acima da cama era coberta por uma cortina, mas a luz tênue do lado de fora penetrava as linhas finas do tecido de maneira persistente.

Lauren não se lembrava de como havia ido parar ali, os pensamentos dela estavam confusos e a única coisa que conseguia ao tentar entendê-los era uma dor latejante na nuca.

Ela teria continuado paralisada ali pelo tempo que precisasse, sentia-se muito fraca para levantar, mas depois de avaliar sua própria situação, notou que necessitava de ajuda. Seu tronco estava completamente enfaixado, assim como os dois antebraços. As mãos agora possuíam ferimentos quase completamente sarados. Mas aparentemente enquanto dormia, ela fez algum movimento brusco que machucou um ferimento em seu tornozelo esquerdo. A atadura estava embebida de sangue, deixando uma mancha grande e vermelha nos lençóis.

Quem quer que estivesse cuidando dela não deveria estar longe, então decidiu encontrá-la.

Não levou nem dez segundos para perceber que aquela tinha sido uma péssima ideia. Assim que sentou com muita dificuldade na beira da cama, uma dor emergiu em suas costelas, mal conseguiu se manter naquela posição. Mesmo assim, em meio a grunhidos de dor, se pôs de pé com o auxílio das mãos machucadas. O sangue do tornozelo começou a escorrer de novo a cada esforço que fazia para dar os passos em direção a porta à sua frente, deixando um rastro escuro e viscoso no chão de madeira.

Está quase lá, dizia a si mesma enquanto a dor aumentava rápido.

Mas Lauren não conseguiu. Há poucos metros de alcançar a maçaneta, caiu de joelhos e seu corpo desfaleceu na madeira fria. Mais uma vez sua vista voltou a embaçar, a nuca agora doía como nunca. Ainda deitada, prestes a perder os sentidos, ela pensou ter escutado alguém abrir a porta de maneira desesperada para tentar ampará-la. Como um vislumbre, viu um rosto familiar se aproximar do dela. Não era possível que fosse, mas desejou em seu íntimo que sim. Camila estaria mesmo ali? Antes que pudesse descobrir, voltou a desmaiar por completo.

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