O Momento Certo

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Notas Iniciais:  Como é bom estar de volta :)

Boa leitura!


     Como todas as noites, seu pesadelo habitual interrompeu-lhe o sono e ela foi amparada pela Miss Dinah, cuja mão segurou os braços trêmulos.

– Outra vez? – murmurou.

– Sim... Outra vez. – confirmou Camila. Somente depois de se acalmar ela voltou a deitar-se sozinha na cama.

No pesadelo, Lauren estava sentada em um lugar que se parecia com uma estação de trem, abaixo de Camila. Seu semblante era ameno, sossegado, quem pudesse chegar mais perto, certamente a veria sorrindo. Ela olhava para cima, na direção dela. Embora fosse uma estação ferroviária, não havia mais nada além da plataforma, um pequeno pedaço do trilho e um abismo escuro que se estendia ainda mais abaixo da garota. De repente Sinu aparecia, puxando Lauren pelo braço, o chão começava a ceder, afundando a cada segundo. Camila estava de fora, em algum ponto escuro acima... e sua amada estava lá, sendo carregada para a morte, mas continuava observando-a através de uma pequena fumaça cinzenta, com a mesma expressão tranquila. Era nítido que não havia nenhum tipo de remorso em seu olhar, nem em seu coração, apenas a consciência de que aquilo era inevitável.

Camila não sabia o que acontecia em seguida, boa parte dela ficava aliviada por isso. Mas esse era um daqueles pesadelos que persistem por longas horas na mente e que, embora mantenha suas características irreais, criam a sensação de vivência em uma pessoa mesmo depois de acordada. Já era perturbador demais para Camila ver Lauren sendo levada para o abismo, a presença de sua mãe como a responsável por aquele ato era um absurdo ainda maior. Apesar de ter conhecimento da profunda antipatia que a mulher sentia pela garota, nenhuma vez tinha passado pela sua cabeça que Sinu seria capaz de tamanha atrocidade.

Era o que ela preferia imaginar ao menos...

De qualquer maneira aquilo não tinha importância. Ao que tudo indicava Lauren realmente já estava morta e essa sim era uma tragédia dolorosa além do aceitável. Tragédia que, percebeu ela, afetaria sua vida para sempre. A simples lembrança de sua amada lhe doía o coração porque ela partiu magoada, quando Camila não teve sequer a chance de se explicar. Eram esses pensamentos que perturbavam quase todas as madrugadas da garota. Sentia-se exausta. Somente quando a escuridão deu indícios de que começaria a clarear lá fora, ela não resistiu ao sono. Dessa vez, preenchido por uma utopia bem mais intrigante.

Normani Hamilton apareceu duas ou três vezes no quarto para ver como a amiga estava. Era uma situação lamentável, de dar dó, todos percebiam. Estava prestes a fazer dois meses desde a morte de Lauren, mas Camila ainda se recusa a ir ao túmulo. Não que ela precisasse, mas todos pensavam, principalmente Dinah Jane, que aquilo seria um estímulo para que ela finalmente aceitasse o fato e conseguisse seguir em frente. Coisa que a garota de certo estava evitando fazer.

– Eu estive pensando... Você acha que deveríamos pedir ajuda aos Jauregui's? – a Srta. Jane perguntou, se servindo com mais uma colherada de purê de ervilha – Quero dizer, eles poderiam tentar fazê-la entender toda essa situação.

Ambas ficaram sabendo há algumas semanas sobre a história de Lauren. Acharam cruel demais que ela tenha partido justo naquele momento, sem poder ter chance de compreender toda a verdade.

– Creio que não seria de bom tom. Eles estão igualmente abalados, lidando com o próprio luto, não seria justo que ficassem encarregados disso... Camila vai ficar bem, ela só precisa de um tempo – Normani respondeu, em seguida deu algumas mordidas em seu pão de milho, mastigou e tornou a falar – Além do mais, sabes que é bastante arriscado para eles. A cada dia que passa aquela mulher arruma uma maneira de tentar encontrá-los.

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