Parei diante daquela sala fechada sentindo o coração pulsando a todo a vapor. Minhas mãos e pernas tremiam, suor escorria pela minha testa e eu respirava com certa dificuldade. Até o pequeno John Paul dentro da minha barriga se mexia mais do que o normal. Eu precisava me acalmar, mas como seria possível naquele lugar terrível?
— Está se sentindo bem, querida? Quer um pouco de água? — Fui interrogada por senhorinha de cabelos grisalhos, que se encontrava a minha frente.
— Estou bem, é só que... — Fiz uma pausa e massageei meu peito tentando aliviar a agonia ali instalada. — Não gosto nada desse lugar.
A mulher suspirou e esboçou um pequeno sorriso, como se entendesse muito bem meus sentimentos. Ela contemplou as paredes cinzas ao nosso redor e também os guardas, só esperando o momento de liberar as famílias para o horário de visita.
— É a sua primeira vez aqui? — Ela quis saber e eu, apesar de muito receosa, imaginei que conversar me ajudaria a distrair, então confirmei. — Irmão? Pai? Namorado?
Uni as sobrancelhas e levei poucos segundos até entender a questão. A mulher estava sondando provavelmente tentando entender o que, ou melhor quem, era a razão de uma jovem grávida apavorada estar ali naquele presídio.
— Marido. — Aquela palavra saiu dos meus lábios deixando um gosto amargo para trás.
Eu não queria estar ali. Meu maior desejo era manter distância de James enquanto ele pagava pelos seus erros e eu me recuperava das graves feridas causadas por minha rebeldia e dos traumas decorrentes disso. Nos meses seguintes à toda aquela confusão, vi minha vida entrando nos eixos aos poucos. Enfrentei dias bons e maus e, para falar a verdade, ainda me sentia presa em uma montanha-russa de altos e baixos, mas no geral, tudo parecia estar melhorando, até não estar mais.
Sabendo da saúde fragilizada da minha pobre sogra, eu, após combinar com Jason, me dispus a fazer visitas constantes a fim de conversar e ler a bíblia para ela, mesmo ciente que estando desacordada, ela possivelmente não me ouviria. Eu lhe fazia companhia e, apesar de ouvir os médicos repetirem que o prognóstico era negativo, com chances mínimas dela sobreviver ou despertar novamente, entreguei a causa ao Senhor. Ele não me respondeu com uma cura em si, mas me deu uma chance única.
Em uma manhã incomum, eu cheguei para vê-la e a encontrei supreendentemente acordada, lúcida e conversando, como se os dias anteriores de muita desesperança quanto a seu estado, fossem uma mera ilusão.
Foi um choque gigantesco e minha única reação ao entrar naquele quarto foi abraçá-la. Sequer tive tempo de pensar em avisar Jason, tamanha era minha felicidade. Ela também ficou muito feliz de me ver, mas logo quis saber de seus filhos, especialmente meu marido. Foi um momento delicado e eu não quis estragar tudo trazendo as más notícias para deprimi-la e a distraí contando sobre a evolução da minha gestação, o que desviou seu foco apenas por alguns minutos, pois ela voltou ao seu tópico de maior aflição.
— Amber, meu menino James, ele está muito encrencado? — sondou e minha resposta foi apenas virar a cabeça Quando voltei a encará-la logo vi seus olhos repletos de lágrimas. — Oh, James... Tanto que lhe avisei...
— Por favor, dona Joana, não pense nessas coisas. A senhora ainda está muito fragilizada e...
— A-Amber, eu quero que me prometa algo em relação ao James... — Sua voz estava tão hesitante que me partiu o coração. — P-por favor.
— Eu não sei se devo prometer nada em relação a ele, dona Joana. Seria muito difícil pra mim e...
— S-sei disso, sei disso, mas... — Ela fungou. — Não posso morrer sem antes saber que alguém cumprirá esse meu desejo.
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O dono do morro da Luz e a missionária cristã
HumorATENÇÃO: o livro é humor pastelão, uma sátira que brinca com os livros com essa temática, mas com uma mensagem importante no fim - bem diferente do que vocês estão acostumados a ler por aí! Tudo foi cuidadosamente pensado para fazer zoeira! Das mesm...