Capítulo 13

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Chocada, e ainda mal acreditando no que meus olhos viam, ouvi passos apressados do outro lado da porta, antes que a voz de América soasse preocupada.

— Amber, querida, você está bem? Te ouvi gritar. — Pisquei algumas vezes, tentando recuperar a fala. — Amber?

Céu colocou o dedo indicador sobre seus lábios, indicando que eu não revelasse que estava lá. Temendo o que ele poderia fazer, respirei fundo e dispensei a cozinheira.

— Está tudo bem, América. — Céu riu e aquilo me irritou. O medo se transformou em raiva. Quem ele pensava que era para violar a minha casa daquele jeito? — É só um inseto que invadiu o meu quarto. Mas, vou dar um jeito de expulsá-lo já, já.

Céu segurou uma gargalhada e a mulher se convenceu e foi embora.

— Já me chamaram de muitos nomes, mas, inseto, é a primeira vez — zombou ele, cheio de humor.

Os olhos dele se desviou do meu rosto e quando percebi para onde estava olhando, puxei o cobertor para me cobrir, dando-me conta que estava de pijama.

Seus lábios se curvaram novamente, antes de tirar os olhos de mim e ir em direção ao mural de fotos na parede do quarto.

Ele observou as fotografias em silêncio. Depois, inspecionou cada detalhe do aposento até olhar para mim novamente, grudada na cama e abraçada ao meu cobertor.

— O que você está fazendo aqui — questionei.

— Vim ver você. — Céu cruzou os braços e parou ao lado da cama novamente.

— Por quê?

— Você não apareceu no morro depois do baile da rainha. Fiquei preocupado.

Crispei os olhos para ele.

— Por quê?

Céu bufou descruzando os braços e passando as mãos nos cabelos.

— Você não vai facilitar, não é?

Ainda mais confusa, o encarei de volta.

— Não sei do que você está falando.

Com apenas um passo, Céu alcançou a cama e se sentou. Me olhou tão profundamente que tremi.

— Eu gosto de você, Amber. Me preocupo com você. Não percebeu ainda?

Meus olhos saltaram a órbita. Será que ele estava falando o que eu achava que estava falando? Se sim, ele só podia ser maluco! Nos conhecíamos a algumas semanas e eu, definitivamente, não era o tipo que um dono do morro se interessaria.

Como eu não disse nada, ele segurou uma das minhas mãos. Meu braço se arrepiou no mesmo instante ao toque quente de suas mãos.

— Eu adoro como você reage ao meu toque.

Engoli em seco, percebendo que meu rosto ruborizava.

Céu riu ao perceber minhas faces vermelhas. Ele estendeu a mão e colocou uma mecha de cabelo que caía sobre o meu rosto, atrás da minha orelha.

— Você precisa ir embora, James — pedi, em um fio de voz.

— Eu gosto quando você me chama pelo nome. — Ele ignorou o meu pedido. — Pode repetir?

— Não vou falar coisa nenhuma! Eu quero que você saia do meu quarto e vá embora.

— Ei! — Céu se afastou erguendo a mão em sinal de rendição. — Eu disse que não estou aqui para te fazer mal.

— Por que veio então? — questionei outra vez, ignorando a resposta anterior dele.

Pela primeira vez, desde que o conheci, vi algo nos olhos dele que não era petulância, raiva ou sarcasmo. Não soube decifrar naquele momento, dado ao meu estado de nervo, mas de certa forma, seu olhar me comoveu.

O dono do morro da Luz e a missionária cristãOnde histórias criam vida. Descubra agora