Como eu poderia descrever o olhar de James para mim naquele momento? Refletia um brilho diferente e uma certeza inabalável. Eu engoli em seco, pois temia o que poderia acontecer naquele almoço. Não podia confiar em mim ou nas forças das minhas próprias pernas, já que elas insistiam em ficar trêmulas, por isso sentei-me no sofá à frente dele.
— Vamos, pessoal! — Ouvi minha mãe nos chamar. — O almoço será servido — anunciou e voltou novamente para cozinha.
Céu se levantou do sofá e me ofereceu a mão como apoio, talvez ele soubesse que o meu estado de nervos estava me deixando sem força vital no corpo. Então aceitei sua ajuda e ergui-me, mas uma aparente fraqueza passou sobre mim, levando-me a cair, contudo, as mãos firmes dele me seguraram pela cintura, deixando-nos muito perto um do outro a ponto de eu sentir a respiração quente dele sobre minha face. O mundo deve ter parado por uns instantes, pois aquele contato de olhar que trocamos era profundo demais. Amparada em seus braços, senti-me em casa e num lugar seguro.
— Não ouviu sua mãe, Amber? — a voz grave do meu pai bradou pela sala, o que nos fez separar rapidamente.
— Claro que sim, pai. — Passei a mão pelo rosto. — Eu quase tropecei aqui, mas o James me ajudou.
— Hum... — Papai, com um olhar perscrutador, se aproximou de nós dois. — Sabia, James, que eu ainda tenho algumas armas em casa do meu tempo como fuzileiro naval?
Ao escutar aquela conversa, uma tosse desencadeou em mim.
— Você não gostaria de conhecê-las? — Papai ignorou o meu ataque de tosse e continuou sua fala.
— Eu gostaria muito, senhor. — James, sem nenhum juízo, ainda deu trela ao meu pai naquele assunto. — Eu conheço algumas armas bem legais — ele deu um sorrisinho bem irônico.
“É isso, Senhor, estou pronta para ir ao lar celestial!”
— É mesmo? Conhece de onde? — papai indagou, cruzando os braços sobre o peito.
— Eu gosto de pesquisar, sabe? Meu pai também me ensinou algumas coisas. — James quicou os ombros, como se aquilo você a coisa mais comum do mundo.
“Espera aí, Amber da Silva! Isso é comum sim pra ele.” — minha mente disse.
“Não, não, não! Era comum. ERA!” — O outro lado minha consciência rebateu.
Eu balancei a cabeça para desvencilhar aqueles pensamentos loucos.
— Vocês querem um convite de ouro, é? — Minha mãe, com uma cara de poucos amigos, chegou na sala.
— Estamos indo, querida — papai declarou e colocou os braços ao redor dos ombros dela, acompanhando-a para o local que iríamos comer.
— Bom, vamos logo! — Céu falou.
— Você não tem medo do perigo, não é? — eu perguntei retoricamente.
— Por que eu teria medo? — Com a cara mais lavada do mundo, ele me olhou e arqueou a sobrancelha.
— Falar sobre armas com o meu pai? Você bate bem da cabeça?
Céu olhou para mim e soltou uma risada alta. Eu contraí o cenho e cruzei os braços, não entendendo aquela atitude repentina dele.
— É claro que eu não bato bem da cabeça! Se eu tivesse um pingo de juízo, eu não teria me apaixonado por você — ele proferiu e, com ousadia, tocou no meu rosto com o dorso de sua mão. — Mas você roubou completamente minha lucidez.
Eu não pude aguentar e fechei os olhos para sentir melhor aquele toque de carinho.
— No futuro, teremos chance de aproveitarmos mais um do outro — Céu pronunciou e parou com o toque, levando-me a despertar para a realidade da vida. — Não vamos mais deixar ninguém esperando.
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O dono do morro da Luz e a missionária cristã
ComédieATENÇÃO: o livro é humor pastelão, uma sátira que brinca com os livros com essa temática, mas com uma mensagem importante no fim - bem diferente do que vocês estão acostumados a ler por aí! Tudo foi cuidadosamente pensado para fazer zoeira! Das mesm...