Capítulo 24

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Depois de uma semana, eu, Kim e Edgar enfim subimos ao morro da luz novamente. Era estranho e assustador pensar que Noah não estaria mais fazendo missão conosco. Contudo, ele precisou partir, pois a oportunidade de fazer um curso de missões transculturais que ele desejava há muito tempo apareceu. E eu, com muitas lágrimas, levei meu amigo até a rodoviária, na esperança de nos vermos novamente apenas depois de seis meses.

Mas a vida tinha que continuar!

Ao chegarmos à entrada do morro, encontramos Pipoqueiro na guarda na companhia de outros jovens. Nos aproximamos e ele perguntou:

— O que fazem aqui? — Ele nos analisou de cima a abaixo. — Pelo que lembro, o rapaz era outro.

— É verdade, Pipoqueiro, contudo Noah precisou partir e tivemos que encontrar outro parceiro. Edgar é o nosso novo companheiro de missão — eu expliquei, pedindo a Deus que ele compreendesse e nos deixasse fazer o trabalho. — Se apresente, Edgar. — Eu incentivei o rapaz a cumprimentar o homem bombadão.

— Olá, se... senhor, tudo bem? — Eu percebi que os lábios e as mãos de Edgar estavam trêmulos e ele suava muito ao ter que interagir com um "bandido."

"Jesus, será que esse homem está com medo?"

Pipoqueiro também percebeu o nervosismo do rapaz e junto com seus meninos desatou a rir.

— Você tem certeza que quer evangelizar num morro, frangote? — ele perguntou ao nosso acompanhante e sem esperar deu pequenos murros de leve no braço do jovem, que com tão grande pavor se escondeu atrás de Kimberly.

— Me larga! — Kimberly exigiu desviando-se de Edgar. — Sr. Pipoqueiro, ele vai se acostumar. Menino criado com vó, sabe? Mas uma hora ele se tornará um homem de verdade, né? — Ela olhou para o rapaz com o cenho franzido, dando a entender que se ele fizesse aquilo de novo receberia um murro no meio da face. — Ah, esses homens de hoje em dia! — ela murmurou, baixinho.

— E então, podemos ir? — indaguei ao homem.

— Eles sobem, mas você fica! — Ele foi enfático e eu ainda não acreditava que estava sendo impedida de subir ao morro.

— Mas eu...

— Ordem é ordem, Srta. Da Silva — ele declarou. — Abram espaço para os dois passarem — disse aos meninos e então Kim e Edgar puderam seguir adiante.

Minha amiga virou-se para mim e disse: "Fique orando por nós!" Eu assenti e me sentei sobre a escada de um estabelecimento que ficava ali perto. Pensei por alguns minutos e olhei novamente para a entrada do morro. O Pipoqueiro permanecia lá e, provavelmente, não sairia tão cedo. Eu suspirei, me levantei e caminhei até ele com um folheto em mãos.

— Você aceita? — Ele estendeu a mão e pegou o papel.

— "Disse-lhes Jesus: Eu sou a ressureição e vida; quem crer em mim, ainda que esteja morto, viverá" (Jo 11: 25). — Pipoqueiro recitou o versículo do panfleto. — Posso te fazer uma pergunta?

— Claro! — Fiquei até surpresa, contudo, uma pontada de expectativa dominou meu coração.

— Por que Ele é a ressurreição e a vida? — o homem indagou e realmente parecia interessado.

"Deus, me ajuda a falar a verdade somente!" Fiz uma breve oração interna.

— A bíblia nos fala em Romanos 3:23 que todos pecaram e destituídos foram da glória de Deus. Isso significa que nenhum de nós pode se chegar a Deus por obras. Paulo nos diz em Efésios 2:1 que estamos mortos em nossos delitos e pecados. Sabendo disso, podemos perceber que precisamos de um Salvador, porque nada e nem ninguém pode reestabelecer nossa relação com Deus, a não ser Jesus Cristo — eu tentei explicar da forma mais simples possível.

O dono do morro da Luz e a missionária cristãOnde histórias criam vida. Descubra agora