— Meu Deus do céu! — Eu passei a mão entre os meus cabelos, enquanto fechava a porta da sala atrás de mim.
Avaliei o silêncio da casa e percebi estar sozinha. Graças a Deus! Não que eu não quisesse ou não gostasse da companhia da minha família, mas, no meu estado momentâneo, era bom ficar livre de olhares que indagariam o por quê da minha respiração ofegante e da minha leve tremedeira nas mãos e nas pernas. Mas eu sabia de uma coisa: Aquilo não podia continuar. Não podia mesmo! Sem demoras peguei meu celular e disquei o número de Kimberly, minha querida amiga, apesar de ter feitos umas grandes besteiras na vida.
— Você pode vir mais cedo hoje, por favor? Estou precisando conversar com alguém. — Passei a mãos entre os cabelos, querendo conter ainda o meu estado emocional alterado.
— Tá bom, só vou finalizar algumas coisas aqui em casa e vou aí — Kimberly declarou do outro lado da linha.
— Vou ficar te esperando!
Eu desliguei o telefone e me sentei no sofá, deixando minha mente voltar para o que acontecera há uma hora:
Eu e James havíamos ido até o nosso futuro apartamento, sendo ele apenas três quadras depois de onde moro atualmente. Queríamos checar como estava sendo finalizada a pintura do local. Ele era um espaço de quatro cômodos: um quarto com banheiro, uma sala e uma cozinha divida por um balcão. O emprego de James não conseguiria pagar um aluguel acima de R$ 500,00. No entanto, estávamos felizes com aquela nossa primeira aquisição como casal. Porém, quando adentramos no quarto James percebeu que havia alguns fios soltos da iluminação e decidiu consertar aquilo rapidamente, não seria um trabalho demorado, e eu fui cuidar de limpar um pouco os armários da cozinha que estavam cheios de pó. Depois de uns 20 minutos, decidi levar um copo de água gelada para ele, pois o dia estava muito quente. Havia uma antiga geladeira no apartamento, dos antigos donos e, antes de trocarmos por uma nova, a deixamos para os pintores colocarem água e alguns alimentos que eles podiam trazer de casa para fazer a refeição deles ali. Eu entrei no aposento e declarei:
“Você quer um pouco de...” Não consegui completar minha fala quando contemplei James sem camisa e todo suado ainda consertando aqueles fios. “Ai, meu Deus!”
Eu nem consegui respirar direito ao ver todos aqueles músculos, a pele morena brilhando pelo suor e o cheiro que exalava dele. James sempre usava um perfume que me atraia fortemente.
“O que você disse, amor?” ele perguntou e olhou para mim, descendo da escada em que subira para fazer seu serviço.
“Perguntei... Perguntei...” Eu estava querendo achar as palavras certas, mas toda a movimentação do corpo dele seduzia os meus olhos e não conseguia me concentrar.
“O quê?” ele insistiu, indo até a tomada e ligando. De repente, uma luz branca iluminou todo o ambiente, mostrando que meu futuro marido certamente saberia cuidar da área elétrica da casa.
“Perguntei se você queria água” disse rápido e estendi o copo para ele. James virou-se para mim e aceitou o líquido fresco.
Ele tomou a água e logo devolveu o copo, contudo, seus dedos tocaram no dorso da minha mão, fazendo um arrepio subir velozmente da planta dos pés até os meus fios de cabelo.
“Você está nervosa?” ele indagou e se aproximou mais de mim. “Nunca viu um homem sem camisa? É a coisa mais comum do mundo.”
“É do mundo mesmo” eu disse, antes de perder todo o meu bom senso.
James soltou uma gargalhada.
“Meu amor, não precisa ter vergonha por uma coisa que verá quase todos os dias em casa”.
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O dono do morro da Luz e a missionária cristã
HumorATENÇÃO: o livro é humor pastelão, uma sátira que brinca com os livros com essa temática, mas com uma mensagem importante no fim - bem diferente do que vocês estão acostumados a ler por aí! Tudo foi cuidadosamente pensado para fazer zoeira! Das mesm...