Capítulo 38

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— Meu Deus do céu! — Eu passei a mão entre os meus cabelos, enquanto fechava a porta da sala atrás de mim.

Avaliei o silêncio da casa e percebi estar sozinha. Graças a Deus! Não que eu não quisesse ou não gostasse da companhia da minha família, mas, no meu estado momentâneo, era bom ficar livre de olhares que indagariam o por quê da minha respiração ofegante e da minha leve tremedeira nas mãos e nas pernas. Mas eu sabia de uma coisa: Aquilo não podia continuar. Não podia mesmo! Sem demoras peguei meu celular e disquei o número de Kimberly, minha querida amiga, apesar de ter feitos umas grandes besteiras na vida.

— Você pode vir mais cedo hoje, por favor? Estou precisando conversar com alguém. — Passei a mãos entre os cabelos, querendo conter ainda o meu estado emocional alterado.

— Tá bom, só vou finalizar algumas coisas aqui em casa e vou aí — Kimberly declarou do outro lado da linha.

— Vou ficar te esperando!

Eu desliguei o telefone e me sentei no sofá, deixando minha mente voltar para o que acontecera há uma hora:

Eu e James havíamos ido até o nosso futuro apartamento, sendo ele apenas três quadras depois de onde moro atualmente. Queríamos checar como estava sendo finalizada a pintura do local. Ele era um espaço de quatro cômodos: um quarto com banheiro, uma sala e uma cozinha divida por um balcão. O emprego de James não conseguiria pagar um aluguel acima de R$ 500,00. No entanto, estávamos felizes com aquela nossa primeira aquisição como casal. Porém, quando adentramos no quarto James percebeu que havia alguns fios soltos da iluminação e decidiu consertar aquilo rapidamente, não seria um trabalho demorado, e eu fui cuidar de limpar um pouco os armários da cozinha que estavam cheios de pó. Depois de uns 20 minutos, decidi levar um copo de água gelada para ele, pois o dia estava muito quente. Havia uma antiga geladeira no apartamento, dos antigos donos e, antes de trocarmos por uma nova, a deixamos para os pintores colocarem água e alguns alimentos que eles podiam trazer de casa para fazer a refeição deles ali. Eu entrei no aposento e declarei:

“Você quer um pouco de...” Não consegui completar minha fala quando contemplei James sem camisa e todo suado ainda consertando aqueles fios. “Ai, meu Deus!”

Eu nem consegui respirar direito ao ver todos aqueles músculos, a pele morena brilhando pelo suor e o cheiro que exalava dele. James sempre usava um perfume que me atraia fortemente.

“O que você disse, amor?” ele perguntou e olhou para mim, descendo da escada em que subira para fazer seu serviço.

“Perguntei... Perguntei...” Eu estava querendo achar as palavras certas, mas toda a movimentação do corpo dele seduzia os meus olhos e não conseguia me concentrar.

“O quê?” ele insistiu, indo até a tomada e ligando. De repente, uma luz branca iluminou todo o ambiente, mostrando que meu futuro marido certamente saberia cuidar da área elétrica da casa.

“Perguntei se você queria água” disse rápido e estendi o copo para ele. James virou-se para mim e aceitou o líquido fresco.

Ele tomou a água e logo devolveu o copo, contudo, seus dedos tocaram no dorso da minha mão, fazendo um arrepio subir velozmente da planta dos pés até os meus fios de cabelo.

“Você está nervosa?” ele indagou e se aproximou mais de mim. “Nunca viu um homem sem camisa? É a coisa mais comum do mundo.”

“É do mundo mesmo” eu disse, antes de perder todo o meu bom senso.

James soltou uma gargalhada.

“Meu amor, não precisa ter vergonha por uma coisa que verá quase todos os dias em casa”.

O dono do morro da Luz e a missionária cristãOnde histórias criam vida. Descubra agora