Capítulo 17

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Quatro dias haviam se passado desde o terrível episódio do meu rapto. Eu não tinha mais me encontrado com Céu, embora todos os dias eu fosse visitar dona Joana depois do nosso trabalho no morro, mas sempre era Jason quem me levava até a mãe.

Eu e Kim estávamos eufóricas com a reviravolta que aconteceu, naquela semana em especial, relacionada ao nosso trabalho missionário. As pessoas se abriram completamente para nossas atividades, nos convidavam para suas casas, pedindo, principalmente, orações em prol de suas vidas. A cada dia tínhamos mais e mais convites, mal tendo tempo para respirar com nosso tempo tão requisitado. Noah, no entanto, não estava em seus melhores dias. Ele insistia que precisávamos focar mais na Palavra, reclamava que as pessoas mal davam oportunidade para eles falaram sobre arrependimento e estranhava todo aquele assedio.

Estava deitada na minha cama, ponderando sobre as colocações de meu amigo, pensando como poderíamos alcançar mais gente, quando América bateu na porta do meu quarto anunciando que meus pais me esperavam na sala.

Desci as escadas cantarolando um louvor toda sorridente. Porém, quando entrei na sala fui surpreendida com a cena que apareceu diante de meus olhos.

Céu estava lá, sentado no sofá da minha casa com Pão ao seu lado, entretido numa conversa cortês com meus pais. Meus pés travaram no chão e eu suei frio. Medo, angústia, dúvida e tantos outros sentimentos possuíram cada milímetro das células do meu corpo. Céu, ao me ver, se levantou com um sorriso no rosto.

- Amber, minha querida. - Papai também se levantou e estendeu uma das mãos em minha direção. - Você tem visitas.

- Ah... É... Bem, sim... Oi! - Engoli em seco e dei o primeiro e vacilante passo.

Céu estava mesmo fazendo uma reverência para mim? Avaliei mais uma vez a figura de pé. Estava completamente diferente, trajando um jeans e uma camisa polo, não tinha o tradicional boné na cabeça, a barba estava feita e a postura era de um perfeito cavalheiro.

- Vim trazer notícias de minha mãe. Graças a Deus ela está respondendo bem ao tratamento - ele disse e se sentou.

Adiantei os passos e me sentei, ainda muda e impressionada, no sofá entre meu pai e minha mãe. Avaliei seus rostos e tudo estava na mais completa serenidade.

- Então, James, não é mesmo? - papai inquiriu e ao receber um aceno de cabeça confirmando, sorriu. - Você estava dizendo que conheceu a Amber na missão.

- Sim, senhor. Exatamente. Sua filha foi enviada pelo Senhor num momento difícil que estávamos passando com minha mãe.

Meu queixo caiu, incrédula que o Céu, aquele Céu, estivesse ali falando sobre Deus.

- Ah, você é filho da querida Joana? - mamãe perguntou. - Amber nos contou da situação e das visitas que tem feito a ela. Que boa notícia nos trouxe, então.

Céu sorriu abertamente olhando diretamente dentro dos meus olhos.

- Meu avô sempre dizia que Deus coloca as pessoas certas no nosso caminho quando mais precisamos - James disse com muita segurança. - Creio que ele estava certo.

- Muito sábio o seu avô - papai disse dando alguns tapinhas em minha mão, claramente demonstrando o orgulho de sua filha.

- Ah, sim! Ele era pastor, porém, não está mais entre nós. Meu irmão, Jason, é presbítero na mesma igreja que meu avô pastoreou por muitos anos. - James repousou as costas no sofá, bastante a vontade, embora não perdesse a pose de bom moço. Já eu estava travada, em pânico do que significava aquela visita. - Minha mãe é uma senhora de vigorosa oração, contudo, tende a ser teimosa às vezes.

O dono do morro da Luz e a missionária cristãOnde histórias criam vida. Descubra agora