Vamos de mini maratona? O primeiro saiu de madrugada, o segundo é esse... Quantos mais vem por aí hoje?
....
Tive uma noite turbulenta após o fatídico dia do tiroteio. Demorei a dormir, minha alma estava inquieta e por fim, no silêncio da noite, fui apoderada por um medo real pela primeira vez. Senti as consequências da nossa decisão e minha coragem vacilou por um momento.
Orei por muito tempo antes de ter paz e pegar no sono.
Não posso negar que os arranjos do pastor trouxeram certo alívio para minha alma, quando ele nos notificou que teríamos permissão para continuar com o trabalho, contudo, antes se certificaria com o contato da missão no morro que o pior já tinha passado.
E passaram-se uma semana inteira antes que pudéssemos retornar ao morro da Luz. E eu aproveitei aquele tempo para orar, ouvir algumas pregações e aos poucos sentir as forças se renovarem dentro de mim.
Noah havia acabado de orar. Estávamos na parte baixa do morro, em uma espécie de praça, onde havia uma igreja que nos acolhia e passava as informações necessárias. 3 motos nos cercaram e pararam bem próximo. Reconheci na hora aqueles homens e estremeci quando um deles, que eu recordava se chamar Pão, voltou-se a mim.
- O chefe quer te ver - disse com naturalidade após retirar o capacete.
Noah deu um passo, pronto para tomar a frente, quando o outro grandalhão, Amendoim, estendeu a mão em frente ao peito dele e riu.
- Céu nos alertou que talvez o rapazote aqui fizesse uma cena, contudo, ele foi bem claro: sem a presença da menina, vocês terão que dar no pé.
- Mas... - tentei argumentar e novamente fui interrompida por Pão, que estendeu um capacete vermelho em minha direção.
- Sem chances. Vocês estão no nosso território. Ou obedecem às regras, ou bye bye, baby.
Hesitei por um instante. Meus olhos encontraram o de Noah e eu consegui ler no fundo de seu olhar que ele interferiria se necessário. Era para eu recusar aquele pedido, ainda que isso significasse estragar tudo que sonhamos.
- Vamos logo, gatinha. Não sou uber para ficar por sua conta - Pão ralhou.
- E meus amigos? - indaguei tentando conseguir tempo para me decidir.
O Pipoqueiro sorriu, como se estivesse esperando a chance de falar. Ele pegou um papel no bolso e estendeu para Noah.
- Por favor, minha esposa e filhos esperam por vocês em nossa casa, tá aí o endereço. Quando o chefe terminar com a menina, levo ela em segurança até vocês.
Aquela frase, dita de maneira amorosa, me fez criar coragem. Sem pensar, estendi a mão, peguei o capacete, enfiei na cabeça e subi na garupa do Pão. Antes que pudesse ouvir os protestos de meus amigos, eu já estava subindo o morro.
Amber da Silva! Você enlouqueceu! Que o Datena não esteja lá em cima me filmando!
Percorremos um longo trecho em aclive. Passamos em ruelas estreitas, pegamos alguns atalhos no meio dos barracões. Prudente dessa vez, me agarrei à moto no lugar de me agarrar ao condutor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O dono do morro da Luz e a missionária cristã
HumorATENÇÃO: o livro é humor pastelão, uma sátira que brinca com os livros com essa temática, mas com uma mensagem importante no fim - bem diferente do que vocês estão acostumados a ler por aí! Tudo foi cuidadosamente pensado para fazer zoeira! Das mesm...