Capítulo 21

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Misericórdia!

Comecei a massagear as têmporas tentando não demonstrar meu nervosismo, mas, para meu alivio, Eric continuava tagarelando sobre ele próprio como sempre.

— Chegamos! — Eric falou ao parar o veiculo no estacionamento do supermercado. — Está tudo bem? Você está pálida. — Ele tentou levar a mão ao meu rosto, mas dei um tapa em sua palma. — Desculpe — ele murmurou massageando a mão.

— Estou ótima, eu fico um pouco enjoada quando ando de carro. — Sorri, sem graça. Tecnicamente, eu não estava inventando aquilo, pois realmente ficava enjoada, mas só em viagens longas e apenas depois ter tomado leite ou algum derivado. Contudo, minha palidez, era mesmo relacionada com meu medo de James. Eu não queria tê-lo provocado a ponto de ser seguida por ele. Quer dizer, eu meio que quis provocá-lo, mas temia qualquer atitude maluca da parte dele.

— Compreendo, eu compro uma coca para você depois. — Eric piscou charmoso e antes de sair do veiculo, fez um sinal com a mão me mandando esperar. Ele então deu a volta pela frente e abriu a minha porta fazendo uma reverência toda pomposa.

Revirei os olhos para aquela atitude e não me deixei levar por sua encenação de Don Juan barato.

— Por que você está sendo tão simpático? Seu interesse não era na Hanna? — sondei, cruzando os braços.

— Há! Já desisti da sua irmã  — Eric torceu o nariz como se lembrasse de algo muito desagradável e estendeu a mão para mim. — Ela veio com um papo de que só iria beijar no altar! Estou fora! Não vejo mal nenhum compartilhar um pouco de intimidade se está compromissado.

Engoli em seco, sentido-me pressionada.

— Mas talvez valha a pena o sacrifício pela mulher certa — declarei e aceitei sua mão para sair do carro. Contudo, me afastei o mais rápido possível quando ele fechou a porta. — Vai desistir por causa disso?

Eric apontou em direção a porta do supermercado e caminhamos lado a lado.

— Desistir não, ter juízo. Deixo isso para outro louco, se é que existe algum disposto — ele murmurou com uma risada sarcástica.

Meu estômago se embrulhou. Talvez eu não estivesse tão errada assim. Talvez não existisse um homem que aceitasse aquelas condições.

Na hora me lembrei de James e de sua reação quando eu disse exatamente a mesma coisa que Hanna havia dito para Eric. Ele havia me destratado ao saber de meu posicionamento e isso só fazia doer ainda mais a impossibilidade daquele amor que meu coração corrupto insistia em manter aquecido. Olhei para os lados em busca de qualquer sinal dele e suspirei aliviada ao perceber que ele provavelmente havia desistido de nos seguir.

— Você acha mesmo que nenhum homem vai aceitar essa condição... Da Hanna? — o questionei de ímpeto, entretanto, me arrependi logo depois. O que Eric poderia interpretar com aquele meu interrogatório?

Eric me olhou com aquele olhar misterioso que ele parecia ficar horas em frente ao espelho treinando, porque, sinceramente, ele conseguia ser bonito... E galinha demais para meu gosto!

— Sinceramente? Acho muito difícil um homem de verdade se privar disso. — Ele fez uma pausa e riu. — Talvez não impossível.  Imagino que aquele Noah queira seguir isso, não? — Ao perceber no meu olhar que ele estava certo, ele falou vom um tom de zombaria: — Case-se com ele se procura um homenzinho...

— Argh — fiz uma careta —, Noah é meu melhor amigo, somos como irmãos. Sem chance disso acontecer um dia. — E vendo o sorriso de satisfação e conquista no rosto de Eric, ma afastei o máximo possível para o lado. — Mas ele realmente é um bom partido, se não fosse como um irmão, com certeza eu aceitaria me casar com ele.

O dono do morro da Luz e a missionária cristãOnde histórias criam vida. Descubra agora