Capítulo 35

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Meus olhos estavam fixos no quebrar das ondas do mar da praia de São Cristóvão. Desde o meu sequestro, meus pais me enviaram para uma cidade pequena e distante junto com os meus tios, parecia que eu precisava ser escondida por um tempo. Contudo, meu coração partia em pedaços a cada novo dia. Primeiro, porque precisei me distanciar de minha família, e o mais importante, porque perdi meu contato com Céu. Estávamos em minha casa quando tivemos a nossa última conversa. Todos os dias eu relembrava das palavras dele.

"Amber, você precisa fazer essa viagem. Eu vou ficar mais tranquilo, sabendo que estará sendo bem cuidada e protegida." — Ele acariciou meus cabelos com suas mãos firmes e gentis. "Algumas coisas ainda precisam ser ajustadas, Amber e eu não posso sequer imaginar em alguém atingir você novamente, no intuito de me atacar."

"Mas eu não quero me afastar de você. Eu me sinto protegida ao seu lado e não estando longe daqui" — insisti e declarei ainda mais o meu amor por ele, que agora já não precisava esconder. — "Eu amo você e quero ficar ao seu lado." — Abracei-o mais forte.

"Meu amor, o que eu mais desejo é que fiquemos juntos de vez. Mas eu preciso organizar as coisas por aqui e assim poderemos, finalmente, viver em paz o que queremos um ao lado do outro." — Ele segurou meu rosto e continuou: — "Você vai e eu me resolverei aqui e então a buscarei. Estamos combinados?" — Ele me fitou, esperando uma resposta, mas eu não queria ceder. "Você precisa confiar em mim. Eu prometo que irei buscá-la o mais rápido possível." — James depositou um beijo em minha bochecha e, mesmo em meio as lágrimas, cedi.

"Vou esperar você!" — afirmei, segurando-o com forças.

Já se haviam passado duas semanas desde o nosso último contato, e eu estava a ponto de enlouquecer. Não tinha celular, porque meus pais disseram que era melhor, assim evitava que alguém pudesse me achar. Mas, eu começava a pensar que tudo que eles queriam eram me ver afastada de James. Isso não aconteceria!

Voltei para a casa dos meus tios e avistei ainda de longe um carro conhecido. Tinha a certeza que era o papai e mamãe. Passei pelo portão de entrada e ouvi som de vozes que vinham da parte de trás da casa, caminhei até lá e foi quando escutei.

— Ele foi preso? — a voz era do meu tio João.

— Sim, ele foi preso dois dias depois que Amber veio pra cá — meu pai declarou e naquele momento meu mundo ruiu.

"Como assim? Não podia ser!"

— Nossa! — tia Lúcia exclamou.

— Mas ele está cooperando com a polícia pra tentar conseguir responder o processo em liberdade — mamãe disse.

— Ele revelou a polícia sobre a rotatória da compra e venda de drogas do morro das trevas. O negócio desandou naquele morro. Houve um grande tiroteio entre a polícia e os traficantes. Até o morro da Luz entrou em confronto e infelizmente ouve muitas mortes — papai contou sobre a situação caótica que estava acontecendo.

— E me corta o coração ao pensar que minha filha se apaixonou por um traficante. Um traficante! — a voz sobressaltada de mamãe rompeu. Ela demonstrava como estava chateada com a vida e, principalmente, comigo. — Eu não criei minha filha para isso. Se eu soubesse que aquela missão fosse acarretar tudo, eu nunca teria a deixado ir.

— Calma, Maria! — Papai afagou as costas dela, querendo lhe passar consolo.

— E nós ainda o permitimos entrar em nossa casa. Um lobo na pele de cordeiro! — Ela destilou sua raiva sobre James, mas eu não podia permitir isso. Ele não era aquele horror que mamãe tinha criado na cabeça. Não era.

O dono do morro da Luz e a missionária cristãOnde histórias criam vida. Descubra agora