Encontrava-me sentada na beira da calçada pensando no evangelismo que havíamos feito no Morro da Luz. As pessoas não eram tão acessíveis quanto imaginei. Na verdade, elas eram de corações bem duros e totalmente apegadas aos seus vícios e estilo de vida promíscuo. Uma triste realidade.
Passei os dedos entre os fios de meu cabelos e respirei fundo, querendo montar uma estratégia sobre como iríamos anunciar Jesus eficazmente naquele lugar. Enquanto forçava meu cérebro a achar alguma solução, um vento forte bateu em minha face, que provinha de um motociclista correndo acima do limite permitido. Meu coração acelerou por mais de mil e aquele motoqueiro me trouxe a lembrança do "Céu", o dono do morro da luz. Aquele homem era... Ele era... Era... (Bufei) Não conseguia um adjetivo que o caracterizasse de forma adequada. Mas com certeza era um abusado. Como ele podia cogitar que eu gostaria de ser mordida por ele? Quanta audácia! Ele nem é tudo isso. Somente tinha um rosto bem simétrico, um par de olhos castanhos que pareciam ler a alma de qualquer um, lábios rosados e alguns músculos (que na verdade era bem definidos).
"Ok! Para com isso, Amber da Silva."
Eu suspirei profundamente e me levantei daquela calçada. Precisava desviar todo e qualquer pensamento sobre aquele homem.
"Meu Deus, que homem!"
Bati na minha cara umas duas vezes (não com tanta força) mas simplesmente para largar esses pensamentos atrevidos.
— Amber, vem jantar! — declarou minha mãe, me tirando daquele devaneio.
Nos reunimos ao redor da mesa, demos graças e comemos. A noite não teve nada de especial. Apenas cada um para o seu lado e um bom repouso para o outro dia.
∆
Era bem cedo quando eu, Noah e Kimberly subimos o grande escadão do morro. Fomos visitar alguns lares daquele "segundo andar". As primeiras famílias nos atenderam bem e foram mais solícitas em ouvir a bíblia. Aquilo nos deixou felizes e com maior motivação para prosseguir com o evangelismo.
Enquanto andávamos por um estreito beco, meus olhos se arregalaram por ver um brutamonte daquele caminhando em nossa direção. O homem devia ter uns três metros de altura e 100 de largura. Tá bom, eu tô exagerando. Mas ele é gigante em contraste com o rapaz ao seu lado. Que por sinal era bem bonito.
— Veja se não são os tais missionários em nossa comunidade — disse o homem bonito com um olhar audacioso para Kimberly. — Acho que a nossa alma deve valer alguma coisa, não é Amendoim?
Amendoim? Esse era o nome daquele monstro de homem? Só podia ser piada!
— Deve ser — respondeu o tal Amendoim. — Mas acho que deveriam gastar tempo com algo mais útil.
— O que poderia ser mais útil do que anunciar Cristo? — eu indaguei, cruzando os braços em frente ao corpo.
Tenho por certo que minha postura não amedrontou em nada o homem, mas eu precisava tentar impor algum respeito.
— Ora, ora, ora! Que crente mais atrevida! — falou o homem que até agora eu não sabia o nome.
— Pessoal, nós temos permissão para fazer nossa missão aqui — declarou Noah. — Pelo que sei, o próprio dono do morro autorizou nosso serviço. Então nos deixem fazer aquilo pelo qual viemos.
— Certo! Vamos embora, Pão.
Pão? Isso é sério? Que raios de nomes são esses?
— Nós temos muito... — De repente, o tom de voz de Amendoim foi dimuindo e ele começou a olhar com mais atenção para algo atrás de mim.
— Olha, eu sei...
— Silêncio — Amendoim me interrompeu, colocando o dedo sobre os lábios sinalizando que eu ficasse calada.
Ele segurou algo no cós de sua calça e começou a caminhar devagar em direção a uma casa amarela.
Eu engoli em seco quando mirei para o "Pão" e seu cenho contraído me dizia que algo não estava muito bem. Mas talvez só fosse uma impressão...
— SE ESCONDAM! — Amendoim gritou a ordem e em seguida sons de tiros explodiram no local!
A partir daí não consegui mais reagir. Só tinha a percepção de uma intensa barulheira dos gritos e correrias das pessoas. Meu corpo simplesmente paralizou. Não sabia o que fazer. Não sabia pra onde ir ou em que lugar me enfiar. Então, senti uma mão firme me segurar e puxar meu braço.
— Pra onde está me levando? E meus... Aiii! — Vários copos de vidros se estilhaçaram bem perto de nós.
— Entra aí e não sai. — Pão ordenou me enfiando debaixo de uma mesa de bar e a cobriu com uma toalha.
Eu me encolhi naquele lugar enquanto ouvia o pipocar dos tiros de um lado para o outro. Minhas lágrimas começaram a descer e eu queria saber onde estavam meus amigos, pois na hora eu me perdi deles. Foi tudo muito rápido.
— Aí, meu Senhor! Me livra da morte. Sou tão jovem pra morrer — orei entre lágrimas.
O som dos disparos e a euforia só aumentavam e mais vidros ou, sei lá o quê, se quebravam naquele bar, fazendo os sons se tornarem mais ameaçador. Eu estava perdida! Ia morrer com toda a certeza!
— Por favor, Deus! Me tira daqui. Não quero morrer — supliquei com os mãos entrelaçadas e os lábios tremendos de medo.
Não demorou para que a toalha da mesa, que me escondia, fosse levantanda e aqueles olhos castanhos se fixaram em mim. E, como um grande salvador, estendeu a mão e disse:
— Vem comigo!
∆
E aí, amorecos!
Que loucura foi essa neste capítulo?
Quem será o salvador da Amber?Deixe seus votos e comentários!
P.W
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O dono do morro da Luz e a missionária cristã
UmorismoATENÇÃO: o livro é humor pastelão, uma sátira que brinca com os livros com essa temática, mas com uma mensagem importante no fim - bem diferente do que vocês estão acostumados a ler por aí! Tudo foi cuidadosamente pensado para fazer zoeira! Das mesm...