Capítulo 39

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Todo o meu corpo tremia à medida em que eu dava um passo a mais em direção à James. Ele estava lá, no fim do caminho de tapete vermelho, todo elegante em seu terno preto, aguardando para me receber em seus braços.

Eu não conseguia acreditar que era meu casamento. Eu estava casando — tudo bem que, como esperado, aconteceu depois do da Hanna — com o homem da minha vida, prestes a iniciar um novo tempo em minha história.

— Minhas meninas estão partindo — papai resmungou emocionado, sua voz abafada pela música que ressoava pelo templo, quando estávamos quase chegando ao final do trajeto.

Ousei virar a cabeça e o encarar, mesmo sabendo que todos os olhos dos nossos convidados estavam sobre nós, e sorri abertamente.

— O senhor está ganhando um filho, não me perdendo. Você tem se dado melhor com meu noivo do que eu mesma — sussurrei suavemente, tomada pela emoção, tentando consolá-lo. Ele persistira no drama nas últimas semanas, principalmente depois que eu e James resolvemos mudar os planos e alugar um espaço para chamar de "nosso".

Papai sorriu e apertou minha mão que estava em seu braço.

— Ainda não me conformei, minha querida — ele confessou segurando as lágrimas, mas mantendo a caminhada firme enquanto guiava meus passos.

Então, enfim chegamos diante de James.

Meu noivo sorria sem parar e eu reparei o quanto ele estava lindo, os cabelos cuidadosamente penteados, dentro do terno feito sob medida. Após receber a minha mão de meu pai, beijou minha testa e antes de afastar, sussurrou:

— Até que enfim você será minha. — Terminou com um sorriso malicioso no rosto e nós nos voltamos para o pastor, meu rosto vermelho de vergonha.

Confesso que a menção me levou a uma viagem pelos meus pensamentos e, ao invés de conseguir prestar atenção no pastor, minha mente recordou-se da última semana e de como havia sido difícil, especialmente nesses dias, manter o propósito que eu tinha de me guardar para depois do casamento. Embora eu tenha sugerido a James que nos mantivéssemos afastados, ele fez um verdadeiro show, dizendo que já não bastava ter que se segurar em relação aos beijos, precisar manter-se longe era uma sugestão que ele não estava disposto a colocar em prática. Sem forças para lutar, sendo que eu mesma estava sofrendo com a ideia de me afastar, aliado ao desgosto de meus pais por ter pedido ajuda de Kim para os preparativos — algo que eles me fizeram reconsiderar com minha amiga —, entreguei os pontos e passei a pior semana da minha existência.

Apesar de já ter me apaixonado outras tantas vezes na vida, eu nunca tinha provado o amor correspondido e não fazia ideia da força que a paixão exercia em nossos corpos. Foi uma verdadeira tortura levar o corpo ao ápice de um desejo e precisar refrear com todas as forças disponíveis para que o beijo — ou pior — não acontecesse. Para piorar, James passou a confessar o quanto estava sendo tentado e diversas vezes acabou avançado um ou outro sinal, deixando na minha responsabilidade refrear seus instintos masculinos. Mas eu também não era de ferro e chorei ao menos dois dias por vários minutos de noite, sozinha no meu travesseiro, arrependida de dar vazão à minha carne e sentindo toda a pressão de não conseguir ajudá-lo em suas constantes lutas.

Mas, enfim, aquilo acabaria ali, no altar.

Entretanto, pensar nisso não me trouxe muito alívio.

— Você está bem? — James perguntou baixinho, talvez notando o quanto eu estava distante.

— Muito nervosa — confessei e só então percebi como meu corpo estava tenso.

Para meu alívio, ele se aproximou mais e de alguma maneira sua presença me confortou. Respirei fundo e tentei concentrar no que o pastor dizia, algo relacionado a seriedade do compromisso que estávamos firmando ali, diante de Deus e dos nossos amados, e de como precisaríamos entender o sentido de aliança para que pudéssemos cumprir com nossos votos mesmos nos dias mais difíceis que pudessem vir.

O dono do morro da Luz e a missionária cristãOnde histórias criam vida. Descubra agora