Capítulo 31

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Meu coração batia com fúria em meu peito. Prendi a respiração quando os olhos de James se encontraram com os meus e me perdi na imensidão daquele olhar. Ali, de alguma maneira, eu soube: Era ele!

— Amor, por favor... — A voz melancólica de Eric denunciou a aproximação do rapaz.

Alerta, puxei a minha mão da dele rapidamente e Céu, decepcionado, se afastou um pouco, guardando a caixinha posteriormente de volta no bolso.

Flávia foi a primeira a entrar. O nariz estava vermelho e os olhos úmidos. Ela parecia magoada e furiosa. Quando nos avistou, limpou o rosto rapidamente, bem envergonhada. Eric apareceu em seguida, parecendo um animal atrás de sua presa. Diferente da menina, pareceu não se importar com nossa presença e continuou o que parecia uma D.R. — discussão de relacionamento.

— Eu não disse que não te amava, Flávia! Só está cedo demais, não entende? — ele falou aproximando-se dela.

— Me deixa em paz, Eric! — a menina, cuja fúria parecia maior ao ser exposta ao constrangimento na nossa frente, exclamou.

Olhei para James e ele estava sério demais, observando os dois. Eric aproximou-se de Flávia e tentou segurar sua mão, mas ela não permitiu, empurrando-o para longe.

— Nunca mais me procure! — ela disse.

Eric tentou mais uma vez se aproximar, mas uma voz grossa e séria o impediu.

— Você é surdo ou o que? Não entendeu o que a menina disse? — Céu se aproximou intrometendo na discussão.

— Não se mete! — Eric, com o orgulho ferido por ter sido intimidado por um homem, disse com desdém. — Vá cuidar do seu morro, que da minha namorada cuido eu!

Vi a fúria crescer rapidamente em James. As veias de seu pescoço se dilataram e suas mãos se fecharam com força. Sem hesitar nenhum pouco, ele avançou em direção a Eric, segurando o rapaz pela camisa, exalando toda a sua autoridade.

— Escuta aqui, sabe com quem você está falando? Com apenas uma ordem eu poderia...

Vi meu mundo todo desabar em segundos. Me preparei para ver Eric caído ao chão, sangrando, depois de levar uma bofetada de Céu. Mas, embora o filho do pastor talvez precisasse mesmo de uma boa surra, não foi isso que aconteceu. James se calou, respirou fundo e com um solavanco soltou o rapaz, dando as costas para ele e saindo pela porta de entrada da casa.

— James! — gritei.

Não pensei duas vezes antes de ir atrás dele. Porém, antes de sair, vi o sorriso zombeteiro de Eric e por um momento me decepcionei por ele não ter de fato caído no chão sangrando.

Fracote! É um covarde mesmo — ele debochou, mas se certificou de que Céu já estava longe o suficiente para ouvir.

Já fora da residência, olhei para os dois lados em busca de James. O encontrei a alguns metros, andando com passos firmes em direção a casa dele.

— Ei, James! — gritei e corri para alcançá-lo. — James, por favor, me espere.

Quando enfim consegui me colocar em frente dele, percebi todo o seu autocontrole sendo exercitado. Sem muito pensar, minhas mãos foram parar em seu peitoral, buscando impedi-lo de continuar sua caminhada.

— Ei, James! — falei tentando chamar sua atenção. — Calma, por favor.

— Aquele cara é um babaca! Um tremendo babaca! — ele disse e suas narinas dilatavam enquanto ele se expressava.

— Nisso eu preciso concordar com você — repliquei e sorri, tentando aplacar a fúria dele.

Céu fixou seus olhos no meu rosto. Vi quando suas mãos cobriram as minhas, ainda em seu peito.

O dono do morro da Luz e a missionária cristãOnde histórias criam vida. Descubra agora