Capítulo 51

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— Vamos, meninas, esses vestidos terão que sair amanhã cedo — eu declarava com a voz um pouco mais elevada por conta do som das máquinas de costura.

— Amber, você acha que as crianças vão gostar? — Apareceu Teodora toda empolgada enquanto segura um vestidinho colorido nas mãos. — Ai! Eu daria de tudo para ver o rostinho delas recebendo os vestidos e os meninos as suas calças e blusas.

Eu ri de sua agitação. Ela era uma jovem da nossa igreja e amava trabalhar no departamento de missões conosco. Seu maior sonho era poder evangelizar os povos não alcançados. Ao olhar para ela, eu me reconhecia no passado, quando eu tinha esses mesmos desejos e intenções de dar minha vida para Cristo.

— Quem sabe um dia você não irá, hein! — Apertei seu braço levemente querendo lhe passar confiança sobre as grandes possibilidades do futuro. — Posso conversar com a Hanna. — Arqueei a sobrancelha e fiz uma cara de quem poderia fazer uma surpresa no futuro.

— É mesmo? — Ela me segurou nos braços com força e em seguia me abraçou com a felicidade exalando por cada poro do corpo. É sério, eu quase morri esmagada. Ela tinhas as mãos fortes. — Sua irmã me acolher na casa dela seria uma benção, e eu ainda a ajudaria com os gêmeos! — Ela sorria para os quatros ventos e só faltou sair rodopiando pela sala. Eu a olhei de novo e vi que ela fez isso mesmo.

Era de conhecimento geral que Hanna deu a luz ao meu casal de sobrinhos: Malia e Uziel. Eles eram os bebês mais fofos do mundo e eu, como uma boa titia coruja, os ligava praticamente todos os dias para ver aquelas bochechas gostosas, e era lindo ver o cuidado de Noah com minha irmã e filhos. Eles eram realmente uma família abençoada. Dois dias depois do parto dela, foi minha vez de trazer ao mundo meu pacotinho de amor, ele já estava com dois meses de vida, a coisinha mais apaixonante do mundo. E, antes mesmo de termos os nossos filhos, vivíamos conversando sobre a nossa nova condição e também os medos que tínhamos em relação ao parto. Numa dessas ligações, Hanna me contou sobre as dificuldades da comunidade na qual eles estavam vivendo, então oramos e bolamos um projeto de missões juntas e com a participação da igreja. Eles disponibilizaram uma sala, maquinário e com algumas irmãs, que se voluntariaram para servirem na obra de Deus. Nós fazíamos roupas e pedíamos doações de sapatos para mandar e as coisas estavam saindo muito bem. Senti que isso foi um recomeço pra mim. Eu estava realmente alegre por minha vida começar a entrar nos eixos, Deus estava me dando uma segunda chance. Todos os dias recebíamos doações e empacotávamos caixas de suprimentos. Era bom ver o bom Deus operando suas misericórdias.

— Amber, olha quem acordou. — Giovana, uma das costureiras, trazia nos braços o John Paul, que bocejava abertamente.

Eu o segurei e o apertei, beijando suas bochechas rosadas, querendo que ele sempre estivesse perto de mim. Ele era o bebê mais amável e lindo. E, sinceramente, seus olhos eram do pai, mas havia a inocência que James não carregava.

— Eu vou dar de mamar para ele e logo volto — disse para a querida irmã.

— Leve o tempo que precisar, minha filha. Nós nos viramos aqui.

Eu assenti, saindo do meio daquela barulheira e fui para a pracinha que ficava em frente à igreja. Estava quase sem ninguém então me sentei lá e me senti confortável para amamentar o John ali mesmo. Naquele momento, percebi que boa parte das minhas feridas estavam realmente cicatrizando e eu podia novamente andar na luz sem carregar um pesado fardo nas costas. Depois do meu resguardo, aluguei um novo apartamento perto da casa dos meus pais. Eles me ajudaram em todo o processo da gravidez, mas eu queria ter meu próprio cantinho. Eu aprendi a costurar e a me sustentar com isso, além de servir na igreja no projeto de missões. O Senhor havia sido bom comigo, e enquanto refletia na sua bondade, uma mão tocou meus ombros e observei Kimberly se aproximar de mim.

O dono do morro da Luz e a missionária cristãOnde histórias criam vida. Descubra agora