POV VINNIE
A primeira coisa que sinto ao acordar, é um calor ao meu lado, me viro e então a vejo. Com os olhos fechados e respirando suavemente, ela parece tão delicada e frágil. Senti um nó se formando em minha garganta, me impossibilitando de respirar. Preciso sair daqui. Preciso me afastar dela. Em que merda eu estava pensando?
Me levanto o mais rápido que posso e coloco uma roupa. Saio do quarto com cuidado, para que ela não acorde. Não quero enfrentá-la. Não consigo enfrentar as expectativas que dei a ela ontem à noite e agora quebrar seu coração. Não posso vê-la chorar por algo que eu causei, de novo.
Então volte para o quarto, Vinnie.
Era o que minha mente dizia, mas não posso. Eu não sou o que ela espera, nem mesmo o que ela merece. Não posso arriscar ela a se colocar em uma posição que envolva sentimentos comigo porque, mais cedo ou mais tarde, vou acabar machucando ela de forma que ela não merece.
Eu sei que não posso dar o que ela quer, mas por que continuo fazendo isso? Por que continuo mexendo com os sentimentos dela, ao invés de apenas a deixar ir? É porque sou egoísta. Posso não admitir, mas desde que a conheci, imaginar ver ela com outra pessoa faz meu sangue ferver.
Desço as escadas correndo e pego as chaves do carro. Quando estou virando a maçaneta para sair, a empregada me chama.
— Aquela garota que está no seu quarto, Nailea, perguntou por você. - Disse ela.
— Diz que tive que sair e voltarei tarde. Diga para ela voltar para casa. - Respondo.
Sem questionar, ela apenas assentiu e foi em direção ao meu quarto. Quando saí de casa, notei o quão quente estava e no forte sol que havia. Entrei no carro mas não o ligo, apenas apoio a testa sobre o volante enquanto tento me recompor. Após passar um certo tempo, levanto meu rosto e vejo ela, Nailea.
Saindo de casa, com suas roupas um pouco úmidas. Ela estava tremendo, limpando seu rosto cheio de lágrimas. Seu rosto estava vermelhando e inchando. Meu coração doía, tudo estava sendo culpa minha. Quando olhei mais para baixo, vi que ela estava descalça. Provavelmente não achou seu calçado e não quis ficar para procurar. Eu só conseguia pensar no quanto seus pés deviam estar queimando no asfalto, por conta do sol quente, mas ainda assim, ela parecia nem ligar para isso.
Eu não consegui evitar, saí correndo do carro e fui até ela.
— Nailea! - Ela para por um instante, mas não se vira. Mas então ela voltou a andar, e ainda mais rápido.
Corri para alcançá-la, toco em seu ombro mas ela bateu em minha mão.
— Não toca em mim. - Disse ela, de forma seca.
Algo em mim doeu ao ver seu rosto mais de perto. Ela não parava de chorar e soluçava um pouco. Eu sentia como se a dor fosse minha.
— Só me deixa buscar seus calçados, ou te levar, por favor.
Imediatamente, ela deu um tapa no meu rosto. Minha bochecha ardeu por alguns segundos, e eu merecia isso.
— Se afasta de mim, Vinnie! Pra sempre! Não me olha, não... - Sua voz falha e ela respira fundo. — Só me deixa em paz.
A decepção estava clara em seu olhar. Ela estava sendo sincera e determinada com o que havia acabado de dizer.
Não posso a culpar, eu tirei sua virgindade e agi como se não fosse nada. Mexi com seus sentimentos e transei com ela de novo e novamente agi como se não fosse nada para mim. E ontem, eu mexi com seus sentimentos de novo e a fiz ter esperanças de que era recíproco.
— Nailea, eu... - Ela me interrompe.
— Vai pro inferno, Vinnie. E nem ouse me seguir ou vir atrás de mim, porque eu juro que vai se arrepender.
Ela se virou novamente e continuou andando, e andando rápido.
Não vá atrás dela, apenas a deixe ser feliz. Dê um tempo e tudo vai se resolver.
Eu queria acreditar que tudo vai se resolver e ficar bem, mas eu realmente não sabia o que esperar. Tinha tanta raiva e ao mesmo tempo tanta decepção em seu olhar, só de me lembrar eu sentia meu coração doer. Eu nunca me senti assim antes, isso era péssimo.
POV NAILEA
Faço caretas com meus pés se chocando com o asfalto quente. Realmente ter decidido sair sem calçados foi uma ideia ruim, mas ter ficado lá foi pior ainda.
Eu não conseguia parar de chorar e a cada segundo me sentia mais patética. Por que eu diabos acreditei que dessa vez poderia ser diferente? Como eu pude ser tão estúpida?
Fico lembrando e relembrando de quando acordei e achei que ele havia descido para ir tomar café, então o ouvi dizendo "Diz que tive que sair e voltarei tarde. Diga para ela voltar para casa." Ele sequer teve a decência de me enfrentar dizer na minha cara, e usou sua empregada para passar o recado.
Ao chegar em casa, apenas subo rapidamente em direção ao meu quarto, me tranco e fico ali, me punindo por ter dado à ele tanto poder sobre mim.
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dare me • vinnie hacker
Ficção AdolescentePerder a mãe e ter que mudar de vida totalmente não é nada fácil, mas é exatamente com isso que Nailea terá que lidar. Três meses depois de perder sua mãe, Nailea e seu irmão Peter, precisam ir morar com seu pai devido às circunstâncias. E foi l...