Capítulo 41 - 3ª parte

177 11 27
                                    

Nota da autora: Oii gente, como vocês estão? Espero que bem, pois agora vai ser surto atrás de surto nessa história. Todo mundo segura na mão dos parceiros leitores e vamo que vamo. Boa leitura (e por favor não me matem, amo vocês) ❤️

Pov. Felipe

Parecia que a carga horária do intercâmbio estava me afetando mais do que a carga horária da faculdade. Pensei que quando estivesse em Vancouver eu iria me acostumar fácil com a nova rotina e os horários, mas estava cada vez pior, principalmente depois de todos os acontecimentos.

Nos últimos oito meses, andei procurando a melhor forma de me aproximar de Aurora de novo, mesmo com o nosso passado obscuro. Gabriel disse desde o princípio que não era uma boa ideia tentar a bolsa, mas eu queria tentar. Não me importava se Aurora estava com alguém ou não.

Sei que ela sempre irá me escolher no final.

— Conversando com Bethany?! — perguntou meu colega de quarto, Brian, ao entrar. — Esse seu sorriso não engana ninguém.

— Na verdade, não é com ela. Estou falando com Aurora.

Há muito tempo descobri que minha bisavó era irlandesa, e minha família sempre dizia o quão sincera ela poderia ser, mas ela era sincera ao extremo. Diziam que esse era um dos pontos da personalidade dos irlandeses: serem sinceros demais. Brian era irlandês, e sua sinceridade já estava me deixando com raiva.

— Não vai dizer nada?! — perguntei surpreso. Ele sempre dizia alguma coisa.

— Você sabe o que eu penso, não preciso ficar repetindo.

— Os meus sentimentos são sinceros, Brian! Nós já conversamos sobre isso. E não adianta fazer essa cara feia pra mim.

— Felipe — disse, sentando-se na ponta da sua cama —, o que você precisa entender é que, mesmo que você dê o maior tesouro do mundo para ela, nada vai adiantar. Ela te superou, cara, você precisa seguir em frente!

— Eu sei que ela ainda sente algo por mim!

— Cara, nós já vimos ela com o namorado. O jeito que ela olha para ele...

Engoli seco lembrando dos nossos encontros no supermercado. Pude sentir minha respiração vacilar e meu punho direito fechar. Não imaginei que depois de viajar quilômetros na esperança de reatar com minha ex eu iria encontrar ela com um baixinho cabeludo que nem fazia o seu tipo. Eu com toda certeza era mais bonito, mais alto, mais forte...

— Parece até inacreditável!

— O quê?

— Ela ter escolhido ele e não eu. O que ela viu nele?

— Você sabe que relacionamento não é baseado só na beleza, não é?! — Ri com seu comentário. Isso já estava parecendo uma seção terapêutica.

— E outra — retomou o assunto —, acha mesmo que é justo enganar Bethany do jeito que está enganando?

— Não estou a enganando!

— Ah, sério?! Então você não começou a sair com a menina mais popular e linda do campus para fazer ciúmes para sua ex, não é?

— Não — menti. — Gosto de Bethany.

— Mas não o suficiente pra esquecer o passado...

— Odeio você! — murmurei, deitando na cama. — Você me faz pensar, e pensar me irrita.

— Você que só faz coisa errada!

— Eu ainda não fiz nada! — Seu rosto surpreso finalmente me encarou.

— O que você vai fazer, Felipe?

— Você vai ver.

Pov. Aurora

Já fazia meses que Charlie foi para Los Angeles e que estava oficialmente sozinha no meu apartamento pronto. Às vezes sentia tanto a falta dele que tinha que abraçar seu travesseiro, só para eu sentir o cheiro do seu shampoo. Ele me ligava ou me mandava mensagem pelo menos uma vez por dia.

Nesse meio tempo, entreguei o último esboço do roteiro para Kenny. Ele já havia me dito que estava ansioso para dirigir tudo, mas queria que eu terminasse a minha "magia". Foi um jeito sútil de apressar a entrega do roteiro.

Hoje era mais um sábado que ficava dentro de casa vendo filmes, enquanto como sem culpa uma bacia de pipoca. Não tenho problemas em engordar, a famosa "pancinha" , era o verdadeiro charme da mulher. Dei play no filme de comédia e sentei no sofá com meu cobertor. As noites estavam ficando cada vez menos frias, mas não consegui me acostumar tanto com o clima ainda.

Ouço meu celular apitar e vejo uma mensagem de Felipe na tela de bloqueio.

Depois daquela festa no seu campus — que, sinceramente, parecia mais uma festa universitária de tanta bebida que tinha —, Felipe e eu conversamos mais sobre o passado e sobre estarmos bem hoje. Fiquei feliz que ele enfim me entendeu e seguiu em frente. Vi que estava errada sobre ele, o julguei mal pelo o que ele fez comigo, mas Feh só queria se desculpar desde o início... As pessoas mudam.

Apesar de Charlie estar longe, era bom saber que tinha um amigo de longa data para sair e conversar. Não me sinto tão sozinha quanto antes. Não vi mais Bethany com ele nas últimas semanas, mas pelo o que parece ela quis se distanciar pois voltaria em breve para casa.
Acho que foi por isso que nunca pensei em fazer um intercâmbio. Provavelmente eu não conseguiria ir embora.

Enquanto mandava mensagem para Feh, Charlie me ligou por vídeo chamada. Ele estava na praia.

— Hey princess!

— Oi, amor! — Sorri, vendo seu cabelo brigar com o vento do final da tarde. — Que inveja, você está na praia!

— Quando consigo algumas horas de folga, venho até aqui para respirar um pouco. Você sabe como eu amo o set de gravações, mas eu preciso de ar puro!

— Eu sei! E como anda as gravações? — Um burburinho começou e a imagem sumiu, mas a ligação não caiu. — Charlie?!

— Oi Aurora! — Gritou uma loira, aparecendo na tela. — Finalmente eu te conheci!

— Hannah! — sorri.

— Eu não posso ter um minuto de paz com a minha namorada?! — resmungou Charlie.

— Deixa de ser ciumento! Você pode fazer isso depois, agora eu vou falar com ela.

— Devolve agora, Hannah! — Ela saiu correndo com o celular na mão, mas não deixou de me fazer perguntas e escutar o que eu respondia. Conseguia imaginar a cena dos dois correndo e quase saindo no tapa.

— Consegui! — disse Charlie, sorrindo deitado na areia. — Ela é rápida!

— Você está fora de forma... — Provoquei. Seus olhos estalaram.

— Fora de forma?! Não é isso que ouço de você na cama.

— GILLESPIE! — Gritei. — O que é isso, garoto?!

— A verdade, princesa. Aliás, saudades... — Um sorriso malicioso surgiu em seu rosto, pude sentir um arrepio passar pelo meu corpo. Eu deveria estar tão vermelha, ainda bem que a sala está escura.

— Espero que você volte logo.

— Eu também espero, quem sabe mês que vem?!

— Sério?!

— Não... Sinto muito.

— Amo você — falei baixo, apenas para ele escutar. Charlie sorriu e empurrou Hannah para longe de novo.

— Eu te amo mais, mas agora preciso desligar antes que ela pegue meu celular de novo.

Desligamos a ligação e senti um aperto no peito. A última vez que senti isso, Charlie quase morreu na tempestade.

Era como se algo fosse acontecer.

A Arte Entre Nós Onde histórias criam vida. Descubra agora