Capítulo 46 - 3ª parte

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Nota da autora: Gente, peço desculpas por não ter postado o capítulo ontem, mas não me culpem! Culpem o app que não queria entrar 😭😭. Tá atrasado, mas saiu! Boa leitura 💜

Pov. Aurora

Fiquei pensando o caminho todo até o aeroporto se eu deveria ir nessa viagem. Eu não estava bem, com certeza não estava, e tinha zero atenção para os próximos eventos que se seguiriam se eu chegasse no Brasil. Não queria mais encarar Charlie, mesmo ainda querendo falar com ele — talvez fosse vergonha pelo o que houve. Não queria dar uma bola fora nas entrevistas porque estava distraída, e também não estava pronta para lidar com a situação com a minha mãe.

Eu não estava pronta para essa viagem.

Quando pisei no avião depois de enfrentar uma fila de passageiros, senti o ar faltar. Era como se eu estivesse entrando numa caixa sem buraquinhos para respirar. Cheguei a me virar e desistir de embarcar, mas Savannah estava atrás de mim e me acalmou, a sorte era que sentamos juntas, então passei o voo inteiro conversando com ela. Esbarrei em Charlie algumas vezes durante a noite, não foi fácil as idas ao banheiro porque ele estava sentado próximo demais da porta.

Foi uma viagem difícil.

Quando chegamos no hotel, fui informada que ficaríamos uma semana hospedados, e eu teria o meu próprio quarto. Acredito que isso tenha acontecido pela divisão feita pela equipe. Depois de tomar um banho quente dormi facilmente, como se minha cabeça não estivesse a ponto de explodir de tantas preocupações. O sono foi tão profundo que acordei no dia seguinte totalmente desnorteada, querendo dormir ainda mais.

Depois do café da manhã, tomei um banho e me arrumei para as entrevistas que iriam até a parte da tarde. Vesti uma roupa social confortável para o clima instável de São Paulo, já que setembro mostrava suas ondas de frio sendo passadas para as ondas de calor. Kenny me mandou uma mensagem avisando que já estava me esperando no hall do hotel, então corri até o elevador para não perder a van. Bastou o elevador se abrir para meu coração pular.

Charlie estava encostado próximo ao espelho do elevador, usando uma calça jeans folgada com uma camisa social branca meio aberta. Ele estava tão lindo e sexy. Quando me viu, ajeitou sua postura e coçou a garganta, tossindo. Entrei no local meio surpresa ainda, mas não disse uma só palavra além de "oi". Ele fez a mesma coisa. Aquele era o maior contato que tivemos em semanas.

Charlie se mexeu um pouco enquanto o elevador descia, como se estivesse desconfortável, mas demoraria para chegarmos ao térreo, mas a descida parecia mais lenta do que a de um elevador normal.

— Você está linda — sussurrou ele. Eu o olhei de canto de olho, deixando escapar um pequeno sorriso.

— Você também — respondi no mesmo tom.

Olhei para o visor e ainda estávamos no quinto andar, então, respirei fundo antes de tentar puxar uma conversa.

— Charlie, eu só...

Fui interrompida pela porta do elevador se abrindo, deixando um hóspede entrar, ficando entre nós dois. Eu automaticamente me calei. Se já era difícil falar com os dois sozinhos, imagina com um desconhecido escutando tudo.
Esperei que chegássemos ao térreo para puxa-lo para um canto, mas, quando a porta se abriu novamente, ele saiu em disparada em direção ao salão de jogos. Fique parada por alguns segundos dentro do elevador tentando fingir que aquilo não me afetou antes de ir ao encontro de Kenny.

— Você está linda! — disse animado. — Os jornalistas vão ficar encantados com você.

— É charme — brinquei.

— Uma mulher nova, inteligente e que está crescendo na carreira... Isso já é um grande charme, querida.

Poderia ser mesmo.

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