Pov. Charlie
Passei toda a viagem de avião pensando no que tinha acontecido, mesmo depois de eu ter tentado dormir um pouco. Pensar naquilo estava me torturando e eu não sabia mais como controlar. Desde o começo percebi que a aproximação de Felipe era estranha, principalmente quando soube quem ele era. Meu corpo todo se arrepiou aquele dia... Bem que Owen disse que aquilo não iria acabar bem.
Depois que desci do avião e respirei o ar de Dieppe, relaxei um pouco mais. Agora seriam mais algumas horas para chegar em minha casa para poder, finalmente, dormir em paz. Aluguei um carro e sai pela estrada. Metade do caminho só recebi mensagens e ligações de Aurora — que realmente estava fazendo um esforço para falar comigo —, mas eu não atendi. Em seguida, Owen começou a me ligar, e só na 5ª chamada eu consegui atender; ele ficou me perguntando por que Aurora ligou para ele chorando, então contei o que tinha acontecido. Meia hora de conversa foi só do meu querido amigo dizendo como gostaria de ter batido em Felipe, mesmo após eu dizer que violência não resolvia nada.
Owen até tentou me colocar para cima, mas eu estava tão chateado que não conseguia rir de suas gracinhas. Cheguei em casa de madrugada, lá pelas duas horas da manhã, completamente exausto. Deitei em minha cama depois de tomar um banho quente e me cobri com a coberta, encarando o teto branco. Só de pensar que eu fiz de tudo para fazer uma surpresa a Aurora para que, no final, eu me deparasse com aquela cena... Pensar naquilo me machucava. Eu sabia que Felipe tinha feito de propósito, e também vi o empurrão que Aurora deu nele.
Então, por que eu estava tão mal?
Dormi o suficiente para acordar com dor de cabeça. Demorei para sair da cama e ir tomar café, não queria ver ninguém, mas só por ver o sorriso no rosto de minha mãe na cozinha ao me ver, fez com que o cansaço fosse embora.
— Pensei que estava em Vancouver! — disse ao me abraçar.
— Mudei de ideia.
— Entendo... Quer leite?
— Por favor!
Meghan saiu do quarto com uma cara de sono que deu para ver da ponta da escada. Seu cabelo estava completamente desarrumado e seu pijama sujo de café. Segurei a risada para não ter que ouvir reclamações depois.
— Passou um furacão aqui?! — perguntei bebendo um gole de leite com café.
— Haha, hilário... — Revirou os olhos. — Estou em semana de provas e não tenho tempo para nada.
— Ao menos toma banho?
— É claro que sim! — resmungou. — E você, o que faz aqui? Pensei que estivesse com Aurora.
— É... Mudança de planos.
Meghan me encarou surpresa, mas depois fechou a cara. Ela sabia que tinha acontecido alguma coisa, porém não disse nada para que nossa mãe não nos escutasse. Enquanto tomávamos café, conversamos sobre as filmagens e também sobre a reunião com Kenny que aconteceria daqui uma semana. Eu estava ansioso demais para conhecer os outros países, principalmente a América do Sul. Meu irmão e eu adorávamos as paisagens naturais de lá e saber que eu tinha a possibilidade de ver tudo de perto, enchia meu coração de alegria.
Depois do café, andei até meu quarto e ajeitei as roupas dentro da mala para conseguir vestir alguma delas. Foi o tempo de escutar a porta atrás de mim se fechar e ver uma garota emburrada me encarando. Suspirei e sentei na cama, derrotado.
— O que aconteceu? — perguntou ela em tom baixo.
— Ele beijou ela.
— O Felipe? Mas que filho da...
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A Arte Entre Nós
Fiksi Penggemar"É comum ouvir que a Arte pode mudar vidas e tocar as pessoas, mas nem sempre ela é aceita como uma carreira. Aurora Rizzi é uma jovem de 21 anos que sonha em viver daquilo que mais lhe dá prazer: escrever. É através de uma oportunidade que ela deci...