Pov. Kenny
Eu ainda estava com a carta de Aurora guardada. Sua irmã entrou em contato comigo há quatro semanas para perguntar se poderia enviar uma carta para Aurora. No início, achei a situação estranha e preocupante. O que a fez preferir usar uma escrita em papel do que um e-mail ou mensagem de celular? Depois de pensar muito, pedi para que ela enviasse para o endereço do ser de gravações endereçado para mim, assim poderia entregar tranquilamente para minha segunda roteirista. Quando a carta chegou tentei falar com Aurora, mas não a encontrei, tive que sair mais cedo do set. Com a correria das gravações, não me lembrei de entregar, então, prometi que de hoje não passava!
Fiquei esperando na sala de leitura durante 10 minutos. Não sabia o conteúdo da carta, mas depois que percebi que era sério, senti um pouco de culpa. Quando ela chegou, pegou uma cadeira e se sentou ao meu lado.
— O que houve?
— Sua irmã entrou em contato comigo e pediu para eu lhe entregar isso! — entreguei o pequeno envelope com receio de sua reação, então me adiantei. — Era para eu ter entregue antes, mas eu esqueci. Sinto muito.
— Tudo bem, eu... — Ela parou de falar abrindo desesperadamente o envelope e focou nas palavras escritas. Aurora ficou um tempo parada, parecia estar processando o que lia.
— Está tudo bem?
— Não — murmurou. Uma pequena lágrima escorreu por seu rosto, mas ela não percebeu. — Elas vão se mudar e minha mãe não queria que Izabel contasse para qual cidade elas irão. Isso é ridículo!
— Acredito que seja só um mal entendido, Aurora...
— Não, Kenny! Minha mãe não aceita o fato de que eu estou aqui, ela não queria que eu soubesse porque não quer que eu volte para perto delas outra vez.
— Eu sinto muito, querida.
— Dizem que família é algo complicado mesmo, não é? — Brincou, enxugando as lágrimas. — Obrigada por ter me entregado, acho que foi a única forma que ela conseguiu pensar para falar comigo. Se bem conheço minha mãe, com certeza ela não deixou minhas amigas falarem com Izabel.
Depois que acalmei seus ânimos, peguei um copo de água para ela beber. Disse que se ela quisesse ir embora para casa, não teria problema algum, pois Cinthia continuaria comigo acompanhando o trabalho.
Ela tinha total razão. Família são complicadas demais.
Pov. Aurora
Estava desolada, mas eu não podia esconder a raiva! Primeiro o meu pai se muda para o outro lado do continente e agora minha mãe quer cortar o meu contato com Izabel. Sabia que algo aconteceria hoje; não acordei muito bem e até pensei em não ir para as gravações, mas era o meu trabalho e eu tinha que cumprir com as minhas obrigações.
Se eu já estava mal antes, parece que agora estou três vezes pior.
Ao chegar em casa, fui direto para o meu quarto e me joguei na cama. Ouvi o meu celular tocar, mas não dei atenção de primeira. Na terceira tentativa eu me irritei e tive que atender. Era Bárbara.
— Ainda bem que você atendeu!
— Pensei que fosse outra pessoa, desculpe.
— Tem uma pessoa aqui que quer falar com você — disse, entregando o celular.
— Bel! — Gritei.
— Eu pensei que você estava brava comigo, nós não nos falamos depois da minha mensagem, então eu envio uma carta e você também não respondeu...
— Kenny esqueceu de me entregar, eu li hoje! — Limpei as lágrimas e me sentei na cama. Não queria que elas me vissem chorando. — O que aconteceu?
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A Arte Entre Nós
Fanfiction"É comum ouvir que a Arte pode mudar vidas e tocar as pessoas, mas nem sempre ela é aceita como uma carreira. Aurora Rizzi é uma jovem de 21 anos que sonha em viver daquilo que mais lhe dá prazer: escrever. É através de uma oportunidade que ela deci...