Pov. Aurora
Acordei com uma dor de cabeça horrível. Agora conseguia me lembrar porque parei de beber. Sempre bebi socialmente, mas isso só aconteceu depois que saí do ensino médio; enquanto estava na escola, era festa todo final de semana e eu enchia a cara junto com os meus amigos. Foi o tempo que todo adolescente gostava de se lembrar anos depois, mas eu só me lembrava das dores de cabeça pós festa. Decidi tomar banho para tentar relaxar, mas estava mesmo torcendo para ter uma farmácia por perto para comprar um remédio. Ainda não conhecia as redondezas muito bem.
Desci até a cozinha e vi Cinthia colocar mais uma xícara na pequena ilha de mármore preto.
— Aposto que você vai querer um pouco de café.
— Eu costumava beber muito, mas depois de tanto tempo sem sair direito... Parece que a minha cabeça vai explodir! Tinha me esquecido dessa dor chata.
— Sei bem como se sente — riu disfarçadamente, virando para a pia. — Como foi o jantar e a festa?
— Foram legais, acho que me aproximei muito do elenco, mesmo ainda não conhecendo todo mundo.
— Você jura que se divertiu? Porque a sua cara diz totalmente o contrário.
— Durante a festa, fiquei sabendo pela minha irmã que meus pais estão se separando. Eu entendo e até acho a melhor opção para eles, mas a minha mãe não quer ficar na capital.
— Ela e sua irmã vão se mudar?
— Junto com a minha avó! — Tomei um gole do café antes de continuar. — Se elas morarem no mesmo lugar, eu não terei onde ficar.
— Como assim?
Foi então que me lembrei que não tinha contado a Cinthia o que houve entre os meus pais e eu antes da viagem. Então, resumi tudo e tentei falar sem derramar nenhuma lágrima — algo ainda bem difícil para mim, mesmo que isso tenha acontecido há quase dois meses.
— Meu Deus, Aurora! — disse perplexa. — E até quando você iria esconder isso de mim?!
— Até a viagem acabar? — Ri sem ânimo.
— Eu posso entrar em contato com os seus pais, posso falar sobre o concurso e o seu desempenho, eu...
— Não adianta, Ci! — Interrompi sua fala. — Eles pensam que só serei alguém na vida com um diploma na mão e se for a carreira que eles querem. Parece inacreditável falando assim, mas eu sei que muitas pessoas passam por isso hoje em dia e, o que mais me irrita, é que os pais não fazem um esforço para entender. É claro que não são todos, mas sei lá...
— Eu ainda estou sem palavras... Foi por isso que eles não foram para o aeroporto?
— Pois é.
— Sinto muito, querida.
— Eu também sinto — murmurei. — Tirando isso, a festa foi legal. Dancei e cantei, acredita?
— Acredito — Ela riu de minha "empolgação".
— Precisamos nos preparar para irmos ao set de gravações, Kenny já está nos esperando.
— Tudo bem, eu só vou me trocar e já desço.
Coloquei um vestido simples e um tênis, já que eu não poderia demorar muito. Enquanto estava organizando a bolsa, vejo meu celular vibrar em cima da cama. Era o meu pai. Fiquei ali, parada, vendo a tela piscar. Confesso que passou pela minha cabeça ignorar a ligação, mas em seguida pensei que poderia ter acontecido alguma coisa. Consegui atender no último toque.
— Pai?!
— Oi, filha.
— Por que a ligação?
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A Arte Entre Nós
Fanfiction"É comum ouvir que a Arte pode mudar vidas e tocar as pessoas, mas nem sempre ela é aceita como uma carreira. Aurora Rizzi é uma jovem de 21 anos que sonha em viver daquilo que mais lhe dá prazer: escrever. É através de uma oportunidade que ela deci...