Capítulo 44 - 3ª parte

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Nota da autora: Oii meus anjos, como vocês estão? Avisos importantes: cometi uma gafe no capítulo anterior trocando as cidades (Vancouver por Toronto), mas foi um erro do meu cronograma, então peço desculpas (e o erro já foi corrigido). E o mais importante: A fanfic acabará na ✨primeira semana de agosto✨, isso quer dizer que ela vai acabar no capítulo 50. A partir da semana que vem estaremos na reta final dessa história. Se preparem! Boa leitura ❤️

Pov. Aurora

— Por que está aqui? — perguntei quebrando o silêncio. Estávamos no sofá tomando o café que eu tinha acabado de passar. Ele parecia confortável.

— Trabalho — sorriu. — E você sabe como é, não é?

— Vai embora amanhã?

— Isso, mas não deixaria de visitar você.

Sorri com seu comentário. Por alguns minutos eu já tinha esquecido porque estava triste. Meu pai tinha esse poder de fazer as pessoas se sentirem melhores. Agradeci demais ao universo por termos nos reaproximado.

— Quer ficar para o jantar?! — Ele sorriu, dizendo que sim. — Posso preparar algo.

— Na verdade, antes de você começar a cozinhar... — Seu rosto foi de feliz para tenso. — Conversei com sua mãe ontem.

— E está tudo bem? Porque sua cara diz o contrário. Ah, meu Deus, aconteceu alguma coisa com a vovó? E Bel, está bem?

— Calma, Aurora!!! Eu não falei nada pra você se alarmar assim!

— Desculpa, mas é que eu não tenho notícias delas há meses.

— Então, eu acho que agora você terá.

— Como assim?

— Tive uma conversa bem séria com sua mãe sobre o futuro de Izabel, ainda mais agora que ela está prestes a entrar numa universidade. Em algum momento o assunto chegou em você e sua mãe... Ela começou a chorar. — Arregalei meus olhos, surpresa. — Eu não entendi o porquê, mas acho que ela sente sua falta.

— Eu já tentei falar várias e várias vezes com ela, pai. Não foi por falta de tentativa.

— Você sabe como sua mãe é cabeça dura, ela não se daria por vencida só porque sente sua falta.

Ficamos um tempo em silêncio encarando a janela, estava prestes a escurecer.

— Também sinto falta dela.

— Eu sei que sente. Eu só queria que você soubesse que ela está pronta para se acertar, se você quiser. Você disse que vai para o Brasil em outubro, não é? — Sinceramente, eu não sabia de mais nada. — Converse com ela quando estiver lá, uma conversa vai fazer bem para as duas.

— Tudo bem, concordo que vai ser melhor conversar. Eu estou cansada de tantos dramas na minha vida.

— Eu imagino. Quando estava indo para o café encontrei aquele seu ex namorado, Felipe. O que ele faz aqui? Vocês voltaram?

— Voltar? Deus me livre! — exclamei alto. — Aquele infeliz só despedaça a minha vida.

— Isso com certeza foi um não.

— Ah, pai... — Segurei as lágrimas para não chorar. Toda as vezes que desabafei sobre Felipe contei com a minha irmã, não com meu pai. Era estranho conversar com ele sobre sentimentos fora do ambiente familiar. — Ele só não é o cara certo pra mim.

— Entendo... E aquele tal de Charles é?

— Como sabe do Charlie?!

— Acha mesmo que sua irmã iria segurar a língua dela por muito tempo? — Gargalhei ao escutar aquilo. Bel até tentava, mas não era muito boa para guardar segredos quando o assunto era fofoca.

Foi então que a realidade bateu em mim. Em que pé do relacionamento Charlie e eu estávamos? Ainda existia uma relação? Fiquei por um tempo calada, apenas para analisar a situação, mas não cheguei a uma resposta. Charlie não falava comigo, então não sabia como ele estava se sentindo... Mas, bem não devia estar.

— Eu também vim aqui para pedir desculpas para você — exclamou, tirando-me dos meus pensamentos. — Sei que evitei falar desse assunto, mas eu realmente sinto muito por não ter te apoiado durante todos esses anos em relação a escrita. A sua luta contra sua mãe e eu fez com que repensássemos em nossas ações e também na decepção que você sentiu quando não nos despedimos no aeroporto. Isso nos fez pensar tanto que chegamos a conclusão que erramos com você. Erramos feio.

— Obrigado pela sinceridade. Não tem sido fácil até agora, mas eu estou feliz de onde cheguei.

— Espero que conquiste muitas coisas, filha, muitas mesmo. Sua mãe também sabe que você é uma ótima profissional e, se uma das maiores roteiristas de Hollywood confiou em você para escrever um roteiro, acredito que não precisamos ter dúvidas.

Avancei rápido em seus braços e o apertei, formando um abraço longo e cheio de lágrimas. Repeti diversas vezes que o amava em seu ouvido, e ele disse o mesmo todas as vezes. Por muito tempo fiquei pensando em como seria o reencontro com a minha família, e eu esperava que fosse ótimo tanto quanto esse estava sendo.

👻

Depois que meu pai foi embora, abri uma garrafa de vinho e sentei no sofá. Fiquei por alguns minutos encarando o céu escuro e escutando o barulho dos carros passando na rua. O apartamento estava em completo silêncio, ao ponto de o som da minha própria respiração me incomodar. Eu me sentia péssima. Sentia falta de Charlie, Bárbara e Letícia, mas, depois de saber sobre minha mãe, tudo ficou pior. Observando o apartamento vazio e escuro, percebi que eu estava sozinha.

Sozinha.

Encostei minha cabeça no sofá, encolhendo-me enquanto abraçava meu corpo. O meu choro era baixo, quase inaudível, não queria chamar a atenção dos vizinhos, mas aquilo doía tanto... Eu só queria que tudo voltasse ao normal de novo.

Senti meu celular vibrar e o peguei, notando de quem era a ligação. Limpei as lágrimas rapidamente e raspei a garganta para tentar espantar a voz de choro.

— Charlie — exclamei baixo.

— Oi Aurora. — Ele não me chamou pelo apelido, e sim pelo nome. O medo começou a crescer em meus pensamentos, repassando todas as formas de términos possíveis. — Eu só liguei para avisar que estou em Dieppe.

— Meghan me contou.

— Meu Deus, essa garota não fica de boca... — Ele respirou fundo e se acalmou. — Deveria ter retornado antes as ligações, sinto muito por não ter feito isso antes e ter deixado você preocupada.

— Charlie, aquilo que você viu... Eu não beijei Felipe, ele e eu não temos nada e...

— Eu vi tudo, Aurora, sei que ele fez aquilo de propósito. Sei que você empurrou ele em seguida. Eu sei.

— Então porque você saiu correndo daquele jeito? Deveríamos ter conversado no apartamento antes da minha reunião com Kenny.

— Pareceu ser mais fácil sair correndo do que enfrentar a situação. Não foi a escolha certa, mas, para mim, foi o certo naquele momento.

— Você quer que eu vá para Dieppe? Posso pedir alguns dias de folga e...

— Não! Na verdade, estou ligando para dizer que eu sei de tudo, e que minha mãe está bem. Mas eu pensei muito nesses últimos dias e, sinceramente, preciso de um tempo. Preciso que a gente dê um tempo para que eu possa pensar em tudo.

— Charlie — sussurrei, deixando as lágrimas caírem. — Por favor...

— Preciso desse tempo, Aurora. Espero que você me entenda.

Fiquei por alguns segundos em silêncio tentando processar sua fala, mas concordei a contragosto.

— Eu te amo, você sabe disso, não é? — exclamei, quebrando o silêncio.

Não houve uma resposta.

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