Capítulo 58

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Frank

  Os olhos azuis claros do pai do Charlie me analisa de forma fria. Sou civilizado o suficiente para manter minha mão esticada por 10 segundos antes de perceber que ele não vai segurar.

O Charlie vai até o pai abraçando o mesmo com seus braços finos.

— Papai, veio até aqui para me ver? — Pergunta.

— Sim, campeão. — Os olhos dele vão até a Jane, vejo um brilho refletir nele e eu posso até mesmo jurar que vejo lágrimas.

Deve ser a primeira vez que ele está vendo a Jane depois de tudo, ela demonstra está desconfortável com ele no ambiente, seus olhos não conseguem fixar no dele.

É claro que ele não veio pelo Charlie. De alguma forma, acredito que ele sabia onde a Jane estava assim como o filho.

— Papai, esse é o Frank. Ele é amigo da mamãe e meu.

Fico ao lado da Jane que nesse momento está neutra.

— Podemos conversar, Jane? — Pergunta ele.

— Não, não podemos. Eu falei a você que poderíamos nos encontrar amanhã para falar sobre a festa do Charlie, não antes disso.

— Preciso falar com você agora, Jane.

A Jane balança a cabeça puxando ar para manter a calma. A vejo colocar um sorriso no rosto e olha para o filho.

— Meu amor, termine sua torta com Frank. Vou lá fora com o seu pai para falamos da sua festa — Ergue seus olhos até mim: — Se incomoda de ficar com o Charlie por um tempo?

— Claro que não, Jane. Pode ir. Se precisar de mim é só chamar, ok?

Aperto seu ombro vendo o olhar mortal do Edan na minha mão, a Jane caminha para fora e seu ex marido passa alguns segundos me olhando antes de acompanhá-la.

O Charlie volta a sentar e eu também. Peço um sorvete para ele que está no fim da sua torta, ele parece um pouco desanimado.

— O que houve? — Pergunto.

Ele olha para às paredes de vidro que mostra a frente da confeitaria onde seu pai e sua mãe estão conversando frente a frente. A Jane demonstra irritação enquanto seu ex-marido está inquieto.

— Acha que eles estão brigando?

— Não, Charlie. Estão apenas conversando, não fique assim. É uma conversa de adultos.

— Gostaria que tudo fosse como antes e eles voltassem a ser amigos. Eles não brigavam e estavam sempre juntos, mas agora estão distantes.

Me inclino na sua direção com um sorriso amigável.

— Amigão, às vezes amizades chegam ao fim ou apenas dão um tempo. No caso dos seus pais eles estão apenas distantes, mas é temporário. Os dois nunca irão ficar brigados porquê tem algo muito lindo e incomum que é você.

Seu rosto desanimado continua.

— Quero ver os dois felizes. Principalmente minha mãe. Ela está sempre sozinha e agora meu pai também.

— Sua mãe tem você e a mim agora, sou um amigão para sua mãe.

Um sorriso surge no seu rosto e ele balança a cabeça. A melhor forma de lidar com os pensamentos de uma criança é respondendo suas perguntas para que não fique confuso ou dividido, fico muito feliz em ver que o Charlie não fica dividido entre o pai e a mãe e torce para os dois serem felizes.

— Vou provar um pouco de sorvete também, garoto. Ver você se lambuzar todo assim me deu vontade — Suspiro, confiscando uma colherada do seu sorvete, ele ri.

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