Não Casados

Capítulo 31

Jane Baker

          Pela manhã eu decido não sair do quarto para evitar qualquer contato com o Edan, ele passou a noite inteira rodeando o corredor e pelo que a senhora Evans me disse ele até mesmo dormiu no corredor. Se pelo menos isso fosse o suficiente para apagar todos os danos que causei em mim ontem, naquela conversa, tudo valeria a pena.

Às vezes eu só queria esquecer e seguir com meu casamento como se nada tivesse acontecido, mas como posso seguir em frente depois que a pior coisa acontece? Ter feito questão de saber tudo ao ponto de finalmente ter entendido que ele a Leslie teve mais do quê um caso foi crucial para mim. Não consigo mais tentar depois de ter noção do que eles viveram juntos. Estou me sentindo tão magoada nesse momento e tudo parece piorar com os sintomas da gravidez.

Abraço meu travesseiro apoiando minha barriga nele. Fecho meus olhos e espero o enjôo ir embora, tem um balde perto de mim para vomitar porém hoje só estou com náuseas e tontura, nem mesmo consigo levantar da cama. A manhã está tão nublada como meu estado de espírito.

Ouço duas batidas na porta, abro meus olhos encontrando o Edan. Não falo nada, apenas fico o encarando em silêncio vendo seu rosto tão angustiando como cansado.

— O Dr. Reed está aqui. — Diz, com a voz baixa.

Tento me erguer na cama e sou tomada por uma tontura, o Edan vem até mim e sustenta meu corpo com seus braços. Levo minha mão até a testa e fecho os olhos com força sendo tomada pela forte vertigem.

— Vou pedir para a enfermeira trazer ele aqui. — Ele continua me segurando enquanto chama a enfermeira Rubens.

Assim que ela entra eu tomo consciência dos braços do Edan em minha volta. Assim que a enfermeira Rubens sai eu me afasto dele, ele olha para mim e eu desvio o olhar.

O Dr.Reed entra no quarto cumprimentando nós dois, ele infere minha pressão, checa tanto meus batimentos cardíacos como o do bebê e faz uma série de perguntas.

— Passou por alguma emoção? Sua pressão está alta. — Pergunta.

Sinto o olhar do Edan em mim mas simplesmente continuo olhando para o meu médico. O que eu puder para não encarar o Edan, eu vou fazer.

— Está tudo bem com o bebê? —  Pergunto.

Ele assente.

— Felizmente, sim. Tente não se exaltar, sua pressão está alta. Aconselho a não sair da cama hoje e se alimentar bem, Jane.

Balanço a cabeça em sinal afirmativo.

— Vou fazer isso. Obrigada, doutor. — Agradeço.

— Nos vemos daqui a dois dias. Se cuide e tome todas as vitaminas que passei.

O Edan que está em pé ao nosso lado conduz o médico até a saída recebendo instruções dele sobre minha condição, e o próprio Edan faz várias perguntas. Paro de escutar eles quando cruzam o corredor e eu fico sozinha novamente encostada na cabeceira da cama. Massageio minha barriga e respiro fundo, às náuseas deram uma pausa mas a tontura continua.

O Edan volta para o quarto e pela sua expressão percebo de imediato o que ele quer conversar.

— Jane...

— Realmente não quero falar, Edan. Se eu pudesse não estaria nem nessa com você se é o que quer saber, mas não posso simplesmente te privar de acompanhar a gestação do nosso filho. — Suspiro cansada — Parece que sempre algo vai me prender a você mesmo que eu sinta que não aguento mais viver com você. Ontem, você me deixou a par de toda situação que eu não quis enxergar e se eu soubesse antes não estaríamos aqui hoje, só espero que você não tente mais nada. Eu estou cansada e dificilmente vou conseguir esquecer isso.