Four life inspirations.

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Harry havia tido muitas inspirações ao longo de sua vida. A primeira foi o lar de sua infância. Uma casa típica em uma cidade menor, podendo ser considerada mediana ou até desinteressante à olho nu.

Mas, para ele, era tudo.

Ele gostava de desenhar a cozinha onde fazia bolos com sua mãe, a sala de estar onde ele e sua irmã mais velha brincavam de se fantasiar e seu quarto onde ouvia música.

Foi a casa onde Harry teve seu primeiro cachorro também, onde ele e seu melhor amigo de infância corriam enrolados em cobertores, onde ele experimentou todas as alegrias e dores de crescer.

O sol poente pintava a grama de seu quintal com tons alaranjados e, sempre que acontecia, ele desenhava.

O cinza das paredes externas daquela casa escondia o segredo de suas mais belas lembranças. Sua segunda inspiração fora seu primeiro amante.

Harry se apaixonou pela primeira vez quando tinha apenas quinze anos. Namorados do ensino médio, assim como seus pais. Ele fez tudo certo.

Harry segurava a porta sempre que ela passava e  escrevia poemas de amor cafonas só para ouvir a parceira rir.

Ele, frequentemente, se pegava colorindo o castanho dos olhos dela, ou mesmo examinando seu par de mãos, certificando-se de que os calos dela combinavam com os dele.

Harry chegou a acreditar que seriam para sempre. Que, em dez anos, teriam filhos e uma cerca branca. Mas, quando ele saiu do ensino médio, descobriu que ela deu todo o amor dele para outra pessoa.

De repente, os desenhos e pinturas que ele fazia pareciam manchados com uma amargura que Harry não tinha certeza se o tempo seria capaz de apagar. Mas apagou.

Sua terceira inspiração foi a paixão pela arte e pelo corpo humano. A partir dali, seus anos de estudo foram repletos de magia, sonhos e loucura.

Ele tivera altos e baixos, mudanças e mais mudanças até se adaptar à nova cidade, à nova casa. Sozinho.

Harry só queria surpreender a si mesmo. Gostaria apenas de ler bons livros e beijar alguém que o fizesse sentir maravilhoso, além de poder pintar tudo o quê podia e seus olhos viam.

Sua quarta inspiração fora o seu verdadeiro amor. Seus fios pretos complementados pelo castanho profundo de seus olhos.

Anéis desajeitados e longos colares no pescoço costumavam ser o tema por trás das pinturas do Harry, com uma predileção particular pelo batom vermelho que quase sempre estava usando.

Os lábios de cereja de Ana era outro tema comum por trás das telas dele, fosse sorrindo com os dentes ou com uma carranca totalmente lírica vista por ele.

Harry adorava pinta-la. Quer suas mãos estivessem tocando um projeto finalizado, ou apenas acariciando as dele, a paixão em seus olhos era o quê mantinha Harry preso.

Um de seus quadros favoritos foi quando a pintou em um vestido florido. Ana era a personagem principal para Harry.

O objetivo sempre foi jamais permanecer o mesmo. Harry sempre buscava estar mudando e evoluindo. Aquele, para ele, era o objetivo da vida e o objetivo de se fazer arte: permanecer em movimento.

Estar presente. Fazer amor. Tomar chá. Evitar conversa fiada. Abraçar a honestidade. Comprar uma planta. Arrumar a cama. Arrumar a cama de alguém. Ter uma boca inteligente e um raciocínio rápido. Fazer arte. Amar. Crescer.

Era o que ele esperava da vida.

Duas horas haviam se passado e a mente de Ana corria e voltava em pensamentos, sua visão ainda nublada com as lágrimas que correram anteriormente.

Harry as my gynecologistOnde histórias criam vida. Descubra agora