Beloved friend.

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Naquela mesma manhã, Ana e Harry dirigiram-se para seus respectivos compromissos. Era inquestionável quantas coisas ela não trocaria para poder passar o dia inteiro apenas deitada com ele.

Sentada em sua mesa, a garota não poderia fazer nada além de revirar os olhos e desejar que aquelas pessoas conseguissem ficar um minuto sem falar bobagens.

-Ana, está tudo bem com o André?

Richard provocou, sabendo bem que se não havia mais nada em suas redes sociais... Ela respirou, James riu do outro lado.

-Pois é, nós vimos uma foto ontem e...

-Queríamos entender.

Ela abaixou a cabeça, engolindo a seco e sentindo seus quatro olhos a devorarem.

-Nós não estamos mais juntos.

Ela afirmou, baixo.

-O que?

-Não!!

Revirou os olhos, mexendo em seus papéis. Seu chefe havia jogado o dobro de trabalho sobre ela, todos com prazos apertados, deixando-a ainda mais ansiosa.

-Como não? Ele era tão legal!

-Quem vai trazer as bebidas caras nas nossas confraternizações agora?

-Fala sério, James! -o repreendeu, Ana o olhou- Quem vai nos dar passe livre para as festas empreendedoras agora?

E o pingo de esperança que ela quase teve, já não existia mais. Estava ficando cada vez mais frustrante com eles, até as menores provocações a levava ao limite.

Não acontecia de maneira diferente naquele manhã, ela tentava não ficar furiosa.

Algumas pessoas eram simplesmente como sangue-sugas, te segariam até que não houvesse energia a mais para se sugar.

-Mas, sério, falando sério agora. -raspou a garganta- Sinto muito. Você teve razão, a mulher sempre tem razão.

Mentalmente ela se acalmava, tentava filtrar sua energia e não dirigir uma palavra sequer aos sangue-sugas.

-Ele estava com uma mulher na foto, não que seja da nossa conta mais, huh?

Quanto mais real Ana se tornava, mais irreal o mundo se transformava diante de seus olhos. Não havia razão para desperdiçar sua energia em situações como aquelas.

-Ela era bonita, Richard?

-Oh sim, cara de modelo.

Um deles inclinou o corpo para trás, para enxergar seu amigo idiota.

-Deveríamos manter o contato então?

Ele riu.

-Bom, Ana não se importaria, não é?

Ela os olhou, com um sorriso sarcástico no rosto. A arquiteta se respeitava e não se contentaria com nada menos do que merecia.

-Vocês podem ser amigos de quem quiserem, os faz feliz? Então vão em frente.

Gesticulou, levantando de sua cadeira.

-Vou buscar um café, avisem o chefe caso passe por aqui. Obrigada.

Inspire.

Expire.

E repita para si mesmo: seria um novo dia.

E o mesmo se aplicaria à Harry.

Seus saltos altos bateram contra o ladrilho de mármore frio do piso do restaurante pela segunda vez naquele dia. Seu jaleco branco esvoaçante batia em seus joelhos a cada passo que dava até a cadeira mais próxima.

Harry as my gynecologistOnde histórias criam vida. Descubra agora