You've got what you wanted.

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Ana olhou para Harry com uma expressão vazia, desnorteada, se fosse precisa. Todos os traços faciais dela estavam rígidos: suas sobrancelhas escuras franzidas, seus lábios estavam firmes e seus olhos castanhos opacos.

Ela se sentia mal por Sofia.

Harry, de igual forma, parecia perturbado. Sobrancelhas levantadas e boca lentamente se movendo em uma carranca, a ponto de perguntar para a colega porquê havia dito tal coisa.

Seus olhos verdes estavam chocados, contavam com um vislumbre de tristeza também. Ana o tocou no ombro, ainda sem saber o quê fazer sobre aquela situação.

Ela estava esperando que Harry dissesse algo e, depois de um minuto pensando, ele o fez.

-Ana, você quer alguma coisa? Comer? Beber algo?

Olhou para cima, para ela, tentando fingir que não estava absolutamente perdendo a cabeça com o quão irritado se sentia.

-Não, eu não quero, mas...

Harry virou de volta para a mesa, inclinando o corpo o suficiente para tirar a carteira do bolso. 

Ele tirou uma nota de cem dólares de lá, deixando-a na mesa onde alguns de seus colegas permaneceram também.

Ana o viu prestes a explodir, mas Harry apenas fechou os olhos e respirou fundo pelo nariz.

-Vocês não gastaram nem cinquenta dólares essa noite, o quê está fazendo?

Harry ignorou Connor, entrelaçando as mãos na de Ana ao se afastar.

Ele sentia lágrimas ardendo em seus olhos, odiava situações como aquelas.

Odiava ser eleito como o errado da história, odiava as pessoas que gostava chateadas ou zangadas com ele.

Harry praticamente odiava tudo naquele momento, menos Ana.

-H? -tentou pará-lo, sem sucesso- Harry! Não vamos ajudá-la?

Harry parou então, olhando para Ana. O olhar naqueles lindos olhos havia se tornado magoado e derrotado, então.

Sofia o machucou. Ela o machucou constantemente enquanto ele fazia de tudo para não machucá-la.

E aquele era Harry finalmente aceitando.

Eles pareciam, de repente, congelados em seus  lugares, pés praticamente pregados no chão e tudo o quê podiam fazer era olhar um para o outro.

Era uma sensação estranha entre querer confortar alguém e não sentir absolutamente nada, também.

-Ela conseguiu o que queria, eu não quero mais estar por perto.

Ana sequer tentou disfarçar a surpresa em seu olhar.

-Nós tentamos. De várias formas, nós dois tentamos.

Harry disse mais baixo, como se tentasse se auto convencer de sua decisão.

Sentada no chão, do lado de fora do banheiro, com fios loiros por todo o rosto e uma dúzia de pessoas em volta, Sofia os assistiu deixar o estabelecimento de mãos dadas.

E ela não gostava daquela visão.

Mesmo que há um tempo atrás tivesse dito que o queria bem longe.

Naquela noite, Harry percebia que deveria ter a escutado daquela vez.

Agora ela parecia querer que ele ficasse, mas Harry havia tomado a decisão que deveria ter tomado há muito tempo atrás.

Ele apenas podia torcer para que ela fosse feliz, já que decidiu se virar.

Harry adoraria ouvir suas histórias e pensar aleatoriamente sobre as memórias que tiveram juntos.

Harry as my gynecologistOnde histórias criam vida. Descubra agora