Naquela mesma noite, após pedidos necessários de desculpas, Ana havia surpreendido Harry com algumas telas e potes de tinta que comprara especialmente para eles.
Ela considerava-se péssima naquilo tudo, mas a simples ação de sentar-se no chão com ele e vê-lo fazer o quê mais gostava a preenchia em pura paz.
E Ana não conseguia desviar o olhar das mãos dele, ou de seu braço toda vez que Harry esfregava o pincel com tinta lá.
Mesmo depois de todos aqueles meses, Ana ainda se sentia confusa sobre como poderia ser tão atraída por algo tão simples como as mãos de Harry.
Todos tinham mãos. Ela costuma falar com muitas pessoas em seu dia a dia e não notava suas mãos.
Mas, apenas um olhar para as de Harry enquanto ele tocava o cabelo, dava uma mordida em sua refeição, levava sua taça aos lábios, pincelava a tela e Ana perderia todos os pensamentos claros imediatamente.
Claro, ela sentia atração por cada parte dele, física e emocional, o adora. Mas havia algo nas mãos de Harry que sempre deixava Ana apaixonada.
Talvez fosse porque ele sabia como usá-las com tanto cuidado e precisão para seus diversos afazeres, ou mesmo para derretê-la em instantes.
Talvez fosse a forma como ele pintava aquela tela, misturando cores tão facilmente apenas com o movimento de seus pulsos.
-Como estão as coisas aí?
Harry sorriu, cessando os movimentos e inclinando-se para olhar a tela dela. Desde o começo do relacionamento, Ana havia evoluído muito em relação as suas pinturas.
Harry dava vida a um jardim inteiro, Ana se arriscava em uma florzinha.
-Estou melhorando!
Harry levou sua taça aos lábios, tomando um longo gole de vinho antes de abaixá-la e falar novamente.
-Suas bochechas estão coradas.
-Estão? -corou mais ainda-
-Uhum. -o canto de seus lábios mexeu- Está pensando em alguma coisa?Quando Ana encontrou os olhos verdes de Harry, percebeu que ele certamente estaria ciente da natureza de seus pensamentos.
Harry adorava tudo sobre Ana também. Sua bondade, seu coração puro, como ela o tranquiliza da melhor maneira possível.
Mas, o que mais amava era como ele era capaz de abri-la como a flor mais doce, descascar suas pétalas uma por uma e experimentar sua doçura de uma forma que ninguém mais fez.
Se dependesse dele, não haveria um momento do dia que sua namorada não estaria em seu colo, seu peito nu pressionado contra ela, calor e suor escorrendo por suas peles, gemidos ofegantes em seus ouvidos e muito cuidado.
Infelizmente não dependia só dele.
Mas era divertido assistir Ana se esforçando para expressar seus desejos e sentimentos nas telas. Ele estava certo de que ela fazia apenas porque ele gostava.
Mesmo concentrado, ele notava a maneira como os olhos dela estavam semicerrados enquanto observa seus movimentos, como ela mexia nos pincéis, cruzando e descruzando as pernas no tapete.
Ele notava a maneira como ela lambia os lábios por um momento, sempre ao pincelar. Ela não pensava muito ao fazer arte, apenas fazia.
Quanto mais tarde da noite, mais para outra dimensão eles pareciam ir.
Mas, para ela, ele era a verdadeira arte. O tipo de arte que faria você sentir mil coisas ao mesmo tempo e o tipo de arte que todo mundo gostaria de poder ver um dia.
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Harry as my gynecologist
RomanceGeralmente, quando eu olhava para o pôr do sol, percebia como o céu mudava. O sol se punha e as cores se tornavam mais intensas, mais escuras. Naquele dia, eu não havia notado a mudança. O sol se inclinava para beijar as bordas da terra, se aproxim...