Oh, Anna!

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[...]

Harry estava sentado em sua cadeira, o rosto enterrado nos braços, cochilando quase que profundamente. Seu cabelo estava bagunçado e, logo à sua frente havia uma pilha de papéis.

Seria quase uma visão adorável, se não parecesse preocupante também. Sem pensar muito, Ana se inclinou sobre a mesa do amigo, colocando a mão sobre seu ombro levemente.

-Harry?

Sua voz era suave, quase inaudível.

-Harry?

E então o médico se mexia com o toque dela, fazendo com que Ana recolhesse sua mão enquanto ele levantava a cabeça de onde estava descansando, olhando para a garota com uma expressão completamente surpresa no rosto.

-Ana, que surpresa! Você estava agendada ou...?

Jesus! Sua voz era profunda e rouca, soando como se tivesse dormido por muito tempo. Por um momento ele julgou sua memória, que não havia falhado.

-Eu... -sorriu- Eu te enviei uma mensagem, mas acredito que não tenha visto.
-Oh, eu realmente não vi, me desculpe.
-Tudo bem. A moça lá fora estava de saída, disse que eu poderia entrar.

Harry riu, recompondo-se.

-O que faz aqui até agora? Você parece cansado, deveria ir para casa. -olhou em volta-
-Estou bem, estava estudando umas coisas.

Folheou seus papéis, Ana não tirava os olhos dele até que um breve silêncio se instalasse, desafiando qualquer um dos dois a falar. Tudo o que podiam ouvir era o tique-taque do relógio na parede de trás.

-Você sabe o que dizem, não absorvemos nada quando estamos cansados.

Harry havia adormecido em seu consultório, ele estaria no mínimo exausto. Harry a lançou um sorriso de lábios tensos como resposta, a arquiteta tinha razão.

-Em minha defesa, eu geralmente não durmo no trabalho.

Ana gargalhou baixinho, ela deveria estar lá se não fosse para uma consulta?

-Mas hoje realmente me cansei. Bom, já que não está marcada e que provavelmente não está aqui para uma consulta, gostaria de ir a algum lugar senhorita?

Suas palavras a fizeram perder o ar em vergonha. Harry e Ana estavam naquele vai e vem há duas semanas, já haviam visitado dos restaurantes mais caros aos mais baratos juntos.

-Eu escolhi da última vez, me surpreenda.

Ana apoiou ambas as mãos sobre a mesa, causando no médico sérios arrepios internos. Ele detestava a maneira como qualquer ação simples dela o fazia sentir.

-Com licença?

Batidas foram ouvidas na porta, Ana imediatamente sentou-se de frente à mesa dele, abaixando a cabeça o suficiente para não ter que olhar quem quer que estivesse lá.

-Olá Deb, tudo bem?
-Olá H, só vim avisar que estou saindo. Precisa de alguma coisa?
-Oh não, estamos finalizando aqui também. -sorriu- Vá descansar, eu tranco.

A moça gentil concordou, não se atentando ao fato de que a última paciente do dia não estava agendada.

-Certo...

Harry riu com a situação, quase tão nervoso quanto Ana.

Era assustador pensar que agora ela poderia o desejar, e o ter. Se ele também a quisesse. A decisão levara apenas dois minutos, Harry a levaria para casa novamente.

Para telas em branco, ou quem sabe para um filme à dois. Entre bons amigos, claramente. Harry trancou o seu consultório e, consequentemente, a clínica.

Harry as my gynecologistOnde histórias criam vida. Descubra agora