Emotional abuse.

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Harry educadamente fez o pedido dele e da colega de trabalho, sabendo exatamente o que ela preferiria naquela manhã.

Sofia estava sentada, mantinha as pernas cruzadas e os dedos inquietos sobre a mesa. Ela queria falar, mas tinha medo de parecer duramente enganada.

Ela queria perguntar, mas não tinha certeza se deveria. Então, apenas o observou. Observou cada centímetro de seu rosto, guardando no fundo de sua mente, como alguém guardaria uma foto polaroide.

De alguma forma, ela sabia que seria uma das últimas vezes em que o veria sozinho e atencioso. Ela olhava para seus belos olhos que não tinham medo de mostrar seus sentimentos, ou para a maneira como se enrugavam quando seu sorriso se tornava tão grande.

Harry sentou ao seu lado. Ele, desde que chegou, deu vida à aquela clínica. Sofia evitara o médico cheio de energia a todo custo, tentando não deixa-lo ter algum efeito emocional sobre ela.

Mas, logo ela se via imersa em sua simplicidade, descobrindo o quanto adorava a iniciativa dele de interagir com ela diariamente.

Ela estava imersa em seus olhos brilhantes, seu espírito livre e seu senso de humor que refletia o dela de vez em quando. Harry ajustava os raios de luz quando entrava, dava certo brilho às coisas. E ela sabia que ele não era dela, mas ela quase poderia se considerar dele.

-Como está a lista de pacientes hoje?

Perguntou, educadamente.

-Passei os olhos por um segundo e me cansei.
-Acho que você precisa dormir mais cedo, isso pode ajudar.

Acrescentou.

-Sim, você me conhece...

Sofia sorriu sem graça, Harry parecia distraído.

-O quê aconteceu para você chegar tão feliz hoje? Quero dizer... -raspou a garganta- Você sempre está feliz, mas hoje parece diferente.

O médico abaixou a cabeça, encarando sua xícara, rindo sozinho.

-Não é nada, acordei bem.

Sorriu, não a convencendo.

-É alguém novo?
-Sofia...

Ele balançava a cabeça mais uma vez, tão vermelho quanto uma cereja.

-Você pode me dizer. -deu de ombros- Rompemos apenas os benefícios da amizade, não?

Ele a olhou, talvez fosse a confirmação de que precisava.

-Sim, eu conheci alguém.
-Foi divertido?
-Ela... -seu coração batia forte- Ela é fofa, super tímida, não me faz pensar nada negativo enquanto estou com ela.

Harry fez uma pausa, procurando a palavra certa para descrever a mulher por quem estava se apaixonando enquanto mexia o café distraidamente.

-Ela é mágica.

Harry sorriu vitorioso, Sofia se surpreendia ao vê-lo ter aqueles sentimentos pela primeira vez.

-Estamos falando sobre Ana?

Ele ergueu uma sobrancelha, de repente, incapaz de olhá-la nos olhos.

-Me desculpe sobre aquele dia, eu realmente sinto muito.
-Está tudo bem, eu te desculpei.

Harry sorriu, mas sentia-se sem graça demais para voltar a falar qualquer coisa. Sofia apoiou o queixo sobre sua mão, tentando decifrar o que ela mesma sentia.

Diga-me, se você tivesse a pérola mais brilhante do mundo, você a compartilharia?

Sofia era o tipo de mulher que poderia até estar magoada, mas ainda assim olharia para você sorrindo.

Harry as my gynecologistOnde histórias criam vida. Descubra agora