Harry as my gynecologist

Keys of my heart.

Pov Harry

Dos últimos dias para cá, algumas pessoas estavam fazendo com que eu sentisse que havia um buraco dentro de mim.

Eu tenta me convencer a todo momento de que era normal me sentir cansado, de que o "hoje" seria sempre novo e cheio de oportunidades.

Sorri para a senhora sentada em minha frente, voltando a atenção para o que eu escrevia no papel do consultório.

-Com licença doutor, está se sentindo bem?

A senhora perguntou então, me olhando fundo nos olhos com a feição mais doce possível.

-Seus olhos estão lacrimejando.
-Oh? -me recompus-
-Eu tenho netos da sua idade, o senhor pode falar comigo.

A paciente sorriu, me fazendo desviar o olhar e sorrir com bochechas coradas.

-Estou bem, juro! -rimos- Estou apenas me sentindo cansado.

Sussurrei, uma mão passando pelo cabelo não muito bem penteado.

-Estou trabalhando e estudando intensamente ao mesmo tempo, mas obrigado pela preocupação, uma boa noite de descanso poderá me ajudar!

Ofereci meu melhor sorriso, realmente grato pelo carinho de quem sequer me conhecia e ainda sim se importava. A senhora cruzou os braços, nunca tirando o pequeno sorriso do rosto.

-Entendi... -balançou a cabeça positivamente- Haverá dias em que você sentirá que não está fazendo as escolhas certas na vida mas, na maioria das vezes, são só coisas da nossa cabeça.

Sorri.

-E me desculpe se estou tagarelando, mas você é um ótimo profissional e eu realmente tenho netos da sua idade.

A senhora riu, fazendo-me corar novamente.

-Todas as vezes que venho aqui, o seu consultório está lotado. Você precisa descansar também, doutor.
-A senhora está corretíssima, preciso escuta-la.

Respondi em gratidão, passando para ela o papel com todos os remédios e pomadas que deveria usar a partir dali.

-Você é um homem bonito, tenho certeza que tem alguém bonito ao seu lado também. -me olhou-
-Eu... -corei, olhando para baixo e então para ela de novo- Eu tenho, tenho sim.
-Então descanse com essa pessoa. -sorriu, guardando o papel em sua bolsa marfim- Se tem uma coisa que eu aprendi nessa vida, é que o tempo voa, querido.
-Sim, huh? Outro dia eu estava ingressando na faculdade e agora são tantas outras responsabilidades...

Sorri, anulando o peso da situação. Eu era grato, eu adorava estar ali, mas os dias me sufocavam o peito cada vez mais.

Nada parecia mais doloroso do que quando você tentava o seu melhor e ainda assim não parecia o suficiente.

-Seja gentil consigo mesmo, doutor. Não há sentimento melhor do realizar coisas cuidando de si mesmo.
-Muito obrigado, senhora Madelyn. Realmente agradeço as palavras.

Levantei da minha cadeira, ajudando-a com as suas coisas até a porta.

-Muito obrigado, mande um abraço à sua família e espero encontrá-la bem da próxima vez!

Me despedi e, no momento em que caminhei para fora, Sofia passou por nós. Geralmente ela ficaria para dizer olá, ou contar como nunca mais usaria aqueles sapatos.

Mas, daquela vez, ela apenas passou.

Eu queria ter a chance de explicar o quão exausto eu estava daquilo. Daquele tipo de comportamento. Não parecia correto que alguém realmente me desprezasse daquela forma.