Two lovers that never loved.

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Pov Ana

-Tudo bem?

Harry perguntou, certamente notando o barulho em minha mente naquele instante. 

-Tudo, só mais uma daquelas mensagens sem sentido algum.
-Recebo várias, tenho que admitir.

Sorri. Cada vez em que eu olhava para ele, não conseguia deixar de sorrir.

-Me conte mais sobre o italiano.

Coloquei meu cotovelo sobre a mesa que nos separava, apoiando meu queixo para uma melhor visão.

Harry abaixou a cabeça, envergonhado.

-Não é nada... Estou aprendendo ainda.
-Bom, você fala muito bem para não ser nada...

Eu podia nos ver saindo dali como amigos, e aquilo fazia tanto sentido que me deixava com medo.

-Obrigado, eu estive lá uma vez, não consigo expressar em palavras o quão bonita a Itália de fato é.

Medo pois ele parecia preencher as peças que André insistia em não preencher.

-Eu definidamente quero estar lá um dia, em Londres também.
-Espera, você nunca esteve em Londres?
-Nunca!
-Poxa, Ana, precisamos resolver isso.

Medo do quanto ele poderia me fazer sorrir e do quanto eu poderia facilmente perdê-lo. Ele sequer era meu para eu perder.

Mais um sorriso foi direcionado à ele, até que o silêncio constrangedor se juntasse à nós na mesa.

-Venha, vamos dar uma olhada nos livros. -disse, levantando-se-
-Podemos deixar nossas coisas aqui, assim?
-Sim, sim, não se preocupe.

Harry liderou o caminho por entre as prateleiras da cafeteria. O lugar era diferente de qualquer um que eu já estive, emanava calor e conforto.

Ele, familiarizado, sabia exatamente onde ir e o quê procurar. Parei de segui-lo por um segundo, atentando-me aos incontáveis títulos à minha frente.

-O que você tem aí?

Perguntou, apontando para o livro que eu segurava contra o peito agora.

-Três mulheres? Uau, li isso há alguns meses e foi fantástico. Acho que você vai gostar.

Harry balançou a cabeça, encostando-se em uma das prateleiras. Voltei meu olhar para o livro: "Três Mulheres", de Lisa Taddeo. Era um trabalho jornalístico que documentava a vida sexual e emocional de três mulheres diferentes em toda a América.

Uma que estava tendo um caso com seu professor, cujo marido nunca queria tocá-la e outra cujo marido gostava de vê-la transar com outros homens. Parecia tão interessante para mim quanto para Harry.

-Oh, sim, parece interessante! Quero ler as histórias dessas mulheres.

Assenti, passando o polegar sobre o livro em minhas mãos frias.

-Eu geralmente gosto de romances...

Admiti, minhas bochechas esquentavam de novo, fazendo com que os lábios de Harry se curvassem em um pequeno sorriso.

-Romances, huh?

Arqueou as sobrancelhas, agora usando o polegar e o indicador para tocar seu lábio inferior.

-Eu adoro um bom romance. Comédias românticas, principalmente.

Para mim, era diferente ver um cara gostar de romances. André nunca gostou.

-Não tem como dar errado com um romance, tem?

O olhos esmeralda ergueu um das sobrancelhas mais alta do que a outra, enquanto me lançava a pergunta, fazendo-me soltar uma pequena risada. Direto ao coração dele.

Harry as my gynecologistOnde histórias criam vida. Descubra agora