Séculos após a revelação de uma profecia dos deuses, Freya Krade, a última da sua linhagem, emerge como a personificação de uma linhagem mágica de fogo selvagem e sangue divino. Criada como uma arma pela Irmandade, uma seita caçadora de seres mágico...
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Freya repousou a cabeça em uma das almofadas, sentindo a suavidade do tecido contra seu rosto, enquanto Kael se recostava na parede, mergulhado em seus pensamentos, continuando a história como se estivesse desenterrando antigas feridas. Ele segurava a mão dela, seus dedos acariciando delicadamente a cicatriz que a Irmandade deixara ali, como se tentasse curar uma dor que ainda pulsava.
-O que houve com Nephthys?-Perguntou Freya, sua voz mal acima de um sussurro, como se o ato de nomear a criança pudesse invocar sua tragédia.
O feiticeiro respirou fundo, e a expressão em seu rosto tornou-se sombria.
-Theron ficou enfurecido ao descobrir a gravidez de Lyssa-prosseguiu ele, a voz firme, mas com um tremor que denunciava a carga emocional das palavras que seguiriam. -Ela estava gerando um filho de Cadrak, seu maior rival. Mas a deusa interveio, jurando trazer destruição aos mundos se ele ousasse machucar seu filho, ela derramaria sua ira sobre todos. Em meio a esse turbilhão, Nymeria, a deusa da justiça e da vingança, ofereceu-se para proteger a criança, um ato nobre em um mundo que já estava tão despedaçado.
A filha do fogo fechou os olhos por um momento, imaginando o brilho de Nymeria, a força em seus olhos enquanto se colocava entre o poderoso Theron e a vida inocente que ele ameaçava. Mas a dor que se seguiu na história fez seu coração afundar.
-Após debates acalorados entre os deuses, Theron propôs um acordo final: Nephthys seria cuidado por Nymeria em troca de nunca conhecer seus pais ou pisar em Immanis. Apesar da relutância de Lyssa, o acordo foi selado e Nephthys foi entregue à deusa da justiça assim que nasceu e a mãe de coração partido nunca sequer segurou o filho nos braços.
A imagem de Lyssa, com o olhar desesperado, seu coração sendo despedaçado enquanto seu filho era arrancado de seus braços, era terrível.
-Theron é um monstro-cuspiu ela, a revolta ardendo em seu peito. -Ele não tinha o direito de separar uma mãe de seu filho, de condenar uma criança à solidão e ao abandono.
-Nephthys cresceu sob a imponente proteção de Nymeria-prosseguiu Kael, sua voz agora tingida de pesar. -Desenvolveu-se com vigor, saúde e um crescente poder mágico, uma mescla dos poderes destrutivos de sua mãe e da magia da morte de seu pai. Contudo, a ausência de seus pais e a privação de seu direito por nascimento alimentaram um profundo ressentimento dentro dele. Anos se passaram enquanto esse ódio crescia, e Nephthys ansiava por mais reconhecimento e poder, sentindo-se privado de seu legado, enredado em ciúmes e inveja dos deuses. Ele planejou meticulosamente seu momento de vingança, aguardando pacientemente o dia em que finalmente executaria seus planos.
O Guardião cerrava os dentes numa contração dolorosa, como se cada palavra que proferia fosse um golpe em seu próprio coração.
-Nephthys, através de sua manipulação e persuasão, conseguiu obter o fecho, um artefato mágico de imenso poder que fora usado para selar os portões da Prisão. Usando sua habilidade mágica e a influência sobre os deuses inferiores, ele conseguiu selar o portal que conectava os deuses a Vitae e ao mundo dos mortos, aprisionando os deuses em Immanis. Durante o processo de fechamento do portal, Lyssa, sua mãe, lançou uma última maldição sobre Nephthys numa tentativa de protegê-lo da sua própria ambição, canalizando todo o caos dentro dele para amaldiçoá-lo e proteger os mundos de sua fúria. Com o portal selado e os deuses aprisionados em Immanis, Nephthys também foi trancado dentro da Prisão pelo próprio caos que o consumia. Os portões da Prisão foram fechados usando o mesmo fecho que aprisionou os deuses em Immanis, e quando essa fecho foi usada pela segunda vez, foi completamente destruído.
