Capítulo 40

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Sob o céu do amanhecer, Hayes e Freya contemplavam o majestoso rio Sallow, que serpenteava diante deles, marcando a fronteira do território da Fortaleza. As águas, suaves e misteriosas, pareciam sussurrar segredos antigos das terras ao redor.

-O território da Fortaleza foi encantado há muito tempo-disse Hayes, com respeito pelo antigo feitiço. -Ninguém pode cruzar para cá sem a permissão de um Guardião. Nem Kahlo ousaria, a menos que alguém de dentro o permita.

O rio Sallow, nascido em Tenebris e fluindo por quatro direções, alimentava Anforth e conectava os reinos de Vitae, simbolizando união e harmonia. Enquanto observavam o fluxo contínuo das águas, o guerreiro compartilhou histórias sobre sua importância.

-Existe algum encantamento nas águas que esconde Anforth dos outros reinos?-perguntou ela, intrigada.

-Não-respondeu Hayes, suas mãos firmes cruzadas atrás das costas. -Anforth está vulnerável. Proteger a cidade é nossa responsabilidade.

Freya olhou para as colinas e montanhas ao redor, compreendendo a estratégia por trás da localização da cidade.

-A posição de Anforth entre as colinas parece cuidadosamente planejada-comentou.

Hayes assentiu.

-A Fortaleza foi erguida aqui para termos uma visão completa de Anforth-ele continuou, com os olhos percorrendo o horizonte. -Se houver um ataque, saberemos antes que chegue perto.

O sol banhava a Fortaleza dos Eternos, destacando suas imponentes torres de pedra. Protegido por magia antiga e materiais indestrutíveis, o lar dos Guardiões exalava um ar de grandeza e conforto, em contraste com a severidade de sua missão.


-Os cidadãos de Anforth devem vê-los como salvadores-observou a magicae.

As asas de Hayes tremularam levemente com a brisa, enquanto o aroma da cidade chegava até ele.


-Somos responsáveis por Anforth-afirmou o Guardião, firme. -Lutamos e sangramos para proteger a cidade e toda Vitae.

Seu olhar, distante, refletia as cicatrizes de anos de batalhas. Ele havia lutado incansavelmente, cumprindo seu dever sagrado.

-Como é ser um dos escolhidos?-perguntou, curiosa sobre o peso que ele carregava.

Hayes suspirou, cansado.

-É uma honra servir à Ordem-respondeu, com os olhos perdidos no horizonte. -Mas o preço é alto.

Freya franziu o cenho, percebendo a melancolia que o envolvia.

-Que preço? Do que está falando?

Ele hesitou, antes de deixar escapar a verdade que o consumia.

-Não quero atormentá-la com meus lamentos, bonita-tentou sorrir, mas sua expressão permaneceu sombria.

Ela se aproximou, sentindo a vulnerabilidade por trás da máscara de força.

-Sinto muito-sussurrou, sua voz suave de compaixão.

Os Guardiões eram marionetes dos deuses, destinados a servir, sacrificando sua própria liberdade. Não havia glória, apenas o fardo da obediência eterna.


-Eu também-murmurou ele, suavemente.

Diante do rio Sallow, Freya mal se reconhecia. Vestida como uma guerreira da Ordem, suas roupas de couro ajustadas se uniam às botas que subiam até os joelhos. A blusa branca contrastava com o corset apertado que mantinha a Lâmina das Ruínas firme contra seu corpo. Seus cabelos, trançados com habilidade por Lia, caíam graciosamente sobre a testa. O colar de Guenevire reluzia em seu pescoço, conferindo-lhe uma majestade inegável.

Chamas e Sombras (Livro 1-Nascidos Do Caos)Onde histórias criam vida. Descubra agora