Capítulo 18

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O sol escaldante despontou mais uma vez sobre as terras mágicas de Vitae, banhando cada pedaço do território com sua luz dourada. Freya e Kael atravessaram os portões da fortaleza em silêncio, carregando o fardo pesado da tragédia que havia caído sobre o domínio humano. Lia foi a primeira a romper o silêncio tenso.

-O que diabos vocês dois fizeram?-ela perguntou, sua voz carregada de incredulidade.

Freya mal olhou para os presentes na sala antes de responder a Lia com uma expressão imperturbável:

-A Irmandade foi destruída.

Drystan engasgou em choque, Kurt quase caiu da cadeira e Hayes ergueu uma sobrancelha, surpreso.

O quê?-ecoou a confusão na voz de Drystan.

-Foi Freya. Ela incendiou a sede da Irmandade e eliminou os caçadores-revelou Kael.

Freya despiu o manto de seus ombros, expondo a cicatriz marcada em seu peito pela lâmina de Leonel. Ela não se importou com a exposição, mas o olhar de surpresa nos olhos de Lia não passou despercebido.

-Essa marca... só os traidores da Irmandade carregam após serem torturados-murmurou Lia, visivelmente abalada.

Freya piscou, mas optou pelo silêncio.

-Quem fez isso com você?-perguntou Hayes, sua voz dura.

-Não importa. Ele está morto-interveio Kael.

Lia prendeu o lábio inferior entre os dentes, os olhos marejados enquanto observava a cicatriz horrível na pele de sua amiga. Ela notou o pano envolvendo a mão de Freya, ocultando o lugar onde o símbolo da Irmandade uma vez foi implantado.

-Eles te torturaram?-sua voz saiu num fio frágil.

Um único olhar de Freya foi suficiente para que Lia soubesse a resposta.

-Oh, pelos deuses...-murmurou Lia, sua voz embargada pelo choque e compaixão.

Freya tentou ignorar os olhares de pena direcionados a ela, como se fosse uma criatura condenada à morte, implorando por misericórdia. Em vez disso, ela empunhou a espada em suas costas.

-Essa espada... pertencia a Gareth-comentou Sloan, surgindo de um canto da sala.

Kurt assobiou baixinho.

-Eu vi seu pai cortar muitas cabeças com essa espada nas terras humanas.

Calix emergiu de um dos corredores, o semblante carregado de preocupação.

-Meus informantes relataram o que vocês fizeram nas terras dos humanos, a guerra travada com os caçadores.

-Não há guerra nas terras humanas, mago. Eu pus fim à Irmandade. Você deveria estar agradecido por isso-retrucou Freya.

Calix apertou a mandíbula.

-Suas ações terão consequências.

Freya bateu a espada no chão.

-Estou pronta para enfrentá-las.

Calix fechou os olhos, ocultando sua surpresa diante da cicatriz marcada na pele da jovem.

-Você não teme retaliação de seu próprio povo?

-Nada pode ser pior do que já me fizeram, Calix-respondeu Freya, firme.

Devika aproximou-se silenciosamente, seus olhos escarlates cravados na cicatriz da jovem, o cheiro de sangue seco pairando no ar.

-Você se tornou uma assassina de seu próprio povo?-perguntou, sua voz carregada de desdém.

Chamas e Sombras (Livro 1-Nascidos Do Caos)Onde histórias criam vida. Descubra agora