Séculos após a revelação de uma profecia dos deuses, Freya Krade, a última da sua linhagem, emerge como a personificação de uma linhagem mágica de fogo selvagem e sangue divino. Criada como uma arma pela Irmandade, uma seita caçadora de seres mágico...
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O vento da noite era uma lâmina afiada que cortava o silêncio ao redor de Sloan enquanto seus cabelos negros dançavam na brisa gelada. Ele emergiu da fortaleza como uma sombra na madrugada, os olhos estreitados contra o frio implacável. A floresta que o cercava parecia imóvel, mas seus sentidos captavam o movimento sutil de predadores nas profundezas. O mundo ao seu redor era feito de quietude e perigo, uma combinação que o mantinha sempre alerta.
Apertando o cobertor contra seu corpo exausto, Sloan seguiu em direção ao rio Sallow, cujas águas refletiam o brilho da lua. A luz prateada era sua única companhia, revelando o caminho entre as pedras traiçoeiras que margeavam o curso do rio. Mesmo com as pernas pesadas de cansaço e o corpo castigado pelo frio, ele continuava.
Quando finalmente alcançou a margem, o silêncio se quebrou. As águas do Sallow, antes tranquilas, começaram a se agitar. O Guardião permaneceu imóvel, aguardando. Não demorou muito até que a superfície do rio se rompesse e Esme emergisse das profundezas. Seus olhos cinzentos brilhavam na escuridão, e seu cabelo encharcado grudava nas costas, revelando a marca misteriosa de Guardiã que cintilava em sua pele.
-Não deveria estar descansando?-Ela perguntou, sua voz um sussurro que parecia se fundir ao vento, enquanto sua cauda serpenteava na água de maneira lenta e calculada.
Sloan manteve os olhos fixos nela.
-Eu precisava ver com meus próprios olhos que você ainda está viva-respondeu, sua voz baixa. -Você lutou demais hoje.
Esme revirou os olhos, mas o sorriso que puxou seus lábios carregava uma melancolia difícil de disfarçar. Com um gesto quase ausente, ela afastou uma mecha molhada de seu cabelo, como se quisesse se esconder por trás do movimento.
-Você é o único que se importa, Sloan-murmurou ela, uma amargura sutil permeando suas palavras, embora seus olhos revelassem algo mais profundo.
O metamorfo a observou por um longo momento. Ele comprimiu os lábios antes de falar:
-Eu sou o único que realmente te conhece, Esme.
Esmeray desviou o olhar, claramente desconfortável. O peso daquelas palavras parecia apertar seu peito, mas ela já sabia o que viria a seguir.
-Não... por favor, não quero falar sobre isso de novo-pediu, sua voz quase um sussurro, a súplica evidente na maneira como suas palavras saíram trêmulas.
Sloan deu um passo à frente, sentando-se a beira do rio, as águas ondulando sutilmente ao redor da sereia. O vento, antes implacável, agora parecia murmurar segredos esquecidos, como se o próprio Sallow guardasse lembranças antigas.
-Por quanto tempo vai continuar afastando as pessoas, Esme?-Ele quebrou o silêncio de forma abrupta, sua voz soando exausta, como se cada palavra fosse um peso a mais. -Quanto tempo mais vai fingir ser essa criatura insensível?
