Capítulo 25

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Freya se afastou de Hayes ao caminhar para fora da fortaleza, observando a paisagem entre as montanhas

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Freya se afastou de Hayes ao caminhar para fora da fortaleza, observando a paisagem entre as montanhas. Ela segurou o colar envolto do seu pescoço, a pedra roxa que ganhou de Guenevire, na última noite que viu a avó. Traçou o pingente com o polegar, os pensamentos dela vagaram em seu passado, na vida que outrora possuiu. A garganta de Freya se apertou com as recordações de Gareth, a imagem que tinha do pai começava a desaparecer da mente dela, ela já não se recordava do tom exato de verde dos olhos de Gareth ou os raros sorrisos que ele direcionou a ela algumas poucas vezes em sua infância, como se Freya fosse uma graça imerecida dos deuses.

Aquele sentimento perigoso de revolta retumbou no peito dela, Freya tentou reprimir a força daquela emoção imprevisível. Se permitisse ser levada pela dor da perda e do luto, se alimentasse o anseio por vingança, Freya sabia qual seria seu destino no final dos seus dias. A jovem fitou o céu sobre sua cabeça, cantarolando uma canção da língua antiga que ouvia Guenevire cantando todas as manhãs ao colher algumas verduras da horta nos fundos da sua antiga casa, uma música que relatava a história de um amor impossível que resultou em uma tragédia sangrenta, um amor selado sob o luar no lago prateado, uma separação que causou feridas e cicatrizes eternas, que sempre fazia lágrimas brotarem nos olhos da fada.

Uma dor estridente se alastrou pela cabeça de Freya, ela esfregou sua testa numa tentativa de aliviar as pontadas em sua mente que sentia desde que Lia partiu para Tenebris. Freya mordeu o lábio inferior com força para não gritar de dor pela pressão insuportável que latejava a mente da jovem, fortes pontadas que a fez levar as mãos até a cabeça, soltando uma respiração pesada entre os dentes trincados. Não era a primeira vez que Freya enfrentava aquela dor, contudo, ela já não tinha Guenevire para ajudá-la com seus remédios caseiros, poções mágicas que levavam aquela dor insuportável para longe, derrubando-a em um sono profundo logo em seguida.

Freya sentiu algo mudando dentro dela, como um elástico sendo estourado, liberando imagens sem foco em sua mente, um cenário embaçado. Ela via vultos, silhuetas, mas não conseguia enxergar nitidamente. Ao fechar os olhos, Freya finalmente reconheceu uma voz familiar naquela lembrança que havia sido liberada no obscuro da sua mente, sua avó chamando-a pelo nome, a voz trêmula.

Freya reviu uma cena dolorosa que assombrava suas memórias. Uma garota chorava compulsivamente, contorcendo-se de dor em meio à escuridão de suas lembranças. Seus gritos de desespero cortavam o ar, clamando por ajuda enquanto lágrimas ardentes escorriam por seu rosto.

Finalmente, os olhos da menina se abriram, e chamas puras e ardentes iluminaram a escuridão que a envolvia. Guenevire, ao tentar aproximar-se para confortar a garota em agonia, foi repelida por chamas selvagens que dançavam ao redor da figura da jovem. O fogo controlado por ela atingiu uma pilastra antiga, desestabilizando ainda mais o pequeno chalé que já havia sido destruído seis anos atrás por um incêndio misterioso.

As pernas de Freya fraquejaram quando a porta da cabana foi brutalmente aberta, revelando a figura de Gareth, coberto de cinzas e queimaduras, com sangue escorrendo de seu rosto ferido. Uma espada pesada pendia em seus ombros, testemunha dos desafios enfrentados como caçador.

Chamas e Sombras (Livro 1-Nascidos Do Caos)Onde histórias criam vida. Descubra agora