Capítulo 29

39 2 0
                                    

Lia deixou escapar um rosnado ao ver Kael adentrar pela porta, perguntando com veemência sobre o paradeiro dele

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Lia deixou escapar um rosnado ao ver Kael adentrar pela porta, perguntando com veemência sobre o paradeiro dele. O feiticeiro, mantendo sua compostura desdenhosa, a encarou e desviou a espada que ela pressionava contra seu pescoço.

-Bom dia, Lia. Vejo que já acordou-ironizou ele.

Ela revirou os olhos e apoiou a espada no chão, suas pálpebras ainda pesadas pela noite mal dormida. Em Tenebris, um reino inimigo envolto em escuridão, dormir era um luxo arriscado. Apenas duas horas de descanso haviam sido permitidas por seus instintos alertas.

-Você não respondeu minha pergunta-grunhiu Lia, exibindo seu mau humor.

Kael jogou um tecido em sua direção, e Lia, perplexa, observou o manto que pousou em seus braços.

-O que significa isso?

-Encontrei em uma loja próxima-explicou ele. -Vi como estava congelando na tarde de ontem e comprei algo para que não sentisse tanto frio.

Lia analisou o manto grosso e não pôde deixar de expressar sua surpresa.

-Você saiu sozinho? Poderia ter sido descoberto ou capturado, feiticeiro idiota.

Kael, parando no meio do quarto, encarou Lia mais uma vez, cerrando os olhos. Balançou a cabeça.

-Agradecer por um presente é tão difícil assim, Lia?

-Para você sim-respondeu ela num suspiro frustrado.

Apesar da curiosidade em relação à bolsa que Kael carregava, ela optou por ignorar e concentrou sua atenção no manto em suas mãos.

-Lã preta?-soltou uma risada discreta. -Estaremos bem camuflados com os Tenebrianos.

-Essa é a intenção- murmurou Kael. -Vai querer tomar um banho?

Lia observou a banheira velha e suja e fez uma careta. A ideia de se despir naquele lugar imundo para se lavar era impensável. Além disso, o frio congelante de Tenebris não era convidativo.

-Nem morta-resmungou ela, envolvendo-se com o manto quente. -Estou faminta.

-Compraremos algo no caminho-disse Kael.

Lia ajustou as lâminas em seu corpo e vestiu as luvas de couro. Tentou domar os fios rebeldes de seus cabelos em uma trança despojada.

-Maldito reino frio-praguejou ao saírem da taberna. Kael havia jogado algumas moedas de prata no balcão, e ambos partiram juntos. -Irei congelar antes de chegarmos a Galad.

-Está exagerando-resmungou o feiticeiro enquanto Lia, com os dentes batendo de frio, seguia adiante.

Ao contrário de Lia, Kael não se incomodava com o clima gélido de Tenebris. Morara naquele reino por anos, e a temperatura já não o afetava. O vento frio batendo em seu rosto evocava memórias da infância, quando acordava cedo para ver os flocos de neve caindo do céu, cobrindo as montanhas do reino como um manto majestoso. Aris, seu irmão, sempre o acompanhava, e juntos observavam o nascer do sol além das montanhas cobertas de gelo.

Chamas e Sombras (Livro 1-Nascidos Do Caos)Onde histórias criam vida. Descubra agora