Capítulo 26

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A tarde ainda não atingira sequer as duas horas, e Lia já fervilhava de indignação para com Kael

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A tarde ainda não atingira sequer as duas horas, e Lia já fervilhava de indignação para com Kael. As palavras de xingamento e maldições fluíam de seus lábios em um fluxo constante, uma torrente de frustração que parecia não ter fim.

-Vai continuar reclamando por quanto tempo?- Kael soltou num murmúrio irritado, sua paciência sendo testada ao limite. O feiticeiro, em sua fúria, desejava apenas lançar algum encantamento para fazer Lia adormecer, uma pausa forçada até retornarem à Fortaleza.

-Eu não sinto minhas pernas, seu idiota-Lia esbravejou, esticando-se sobre a terra úmida da cidade. -Você sabe que fazia anos desde que cavalguei por tantas horas assim? Sem nenhum descanso? Poderia ter tido a decência de me avisar antes.

Kael virou-se abruptamente na direção da elfa, seus olhos cerrados e as pupilas dilatadas. As narinas inflamavam-se com sua respiração pesada. Lia percebera a mudança brusca do feiticeiro desde o momento em que adentraram Tenebris, disfarçados como parte de uma caravana de mercadores. Ela notou a rigidez e aspereza do Van Black, percebendo a tensão em seu corpo enquanto mantinha seus sentidos alertas. Estavam em terras inimigas, vulneráveis a ataques de bestas tenebrianas. Kael, ciente disso, controlava-se para não utilizar sua magia, evitando chamar a atenção da Legião de Aris. Uma luta naquele território, estando desprevenido, não fazia parte de seus planos.

-Lembro que foi você que insistiu em vir- murmurou Kael num tom contido. -Então, por que não fecha a boca e foca na nossa missão?

Lia apertou o maxilar, engolindo a raiva crescente e resistindo ao impulso de enterrar Kael vivo. Apesar de não ser uma magicae paciente, ela precisava lembrar-se da importância para Kael de retornar a esse reino. Com esse pensamento em mente, ofereceu-lhe apenas um sorriso debochado.

-Alguém já te disse o quanto você é insuportável em missão?-passou por ele, batendo as botas para se livrar da terra que grudara no couro. -Deveria se sentir honrado por ter minha companhia nessa viagem. Posso facilmente livrar sua bunda de um chute de algum Tenebriano.

Kael não respondeu com um sorriso ou qualquer reação visível à tentativa de Lia de aliviar a tensão entre eles. Encarou a elfa ao seu lado, emanando uma aura de tensão que poderia ser sentida a metros de distância. Energias negativas e sombrias exalavam dele, revelando-se apenas para os sentidos aguçados de uma criatura como Lia.

Enquanto percorriam as ruas desertas de um pequeno vilarejo próximo à cidade, o frio de Tenebris envolvia Lia, que se lamentava mentalmente por não ter escolhido um traje mais adequado para o clima gélido. As ruas vazias testemunhavam a melancolia daquele reino, as poucas criaturas que se arriscavam a caminhar apressadamente pareciam carregar o peso da miséria consigo, envoltas em roupas tão escassas quanto a esperança naquele lugar. Tenebris, outrora um reino de beleza, agora era apenas um esboço sombrio de sua antiga grandiosidade.

Ao tentar mudar o foco, Lia quebrou o silêncio tenso, questionando Kael sobre a possibilidade de esconder sua marca com o capuz. Os olhos atentos do feiticeiro observavam os arredores, e ele respondeu após um breve momento de reflexão, admitindo a dificuldade de usar magia sem atrair atenção.

Chamas e Sombras (Livro 1-Nascidos Do Caos)Onde histórias criam vida. Descubra agora