Ao fundo podia-se ouvir gotas de água caindo e espalhando-se na rocha. Não havia luz, mal era possível enxergar algo nítido. A única iluminação que tinha eram as tochas de fogo acessas no corredor, duas ao lado de cada porta de ferro, o mesmo ferro que acorrentava a fada e a mantinha pendurado com os braços presos e esticados. Mal conseguia ficar de pé, já tinha perdido as forças nas pernas e agora se encontrava de joelhos no chão frio de pedras que arranhavam sua pele coberta apenas por um tecido velho e sujo.
Ela conseguia ouvir os ratos andando ao seu redor, havia ocorrido de acordar de um de seus desmaios com um dos animais roçando-se as panturrilhas, o que fez que um grito saísse de sua boca machucada pelos golpes que sofrerá. O cheiro da cela era repugnante, havia perdido a conta de quantas vezes vomitará no próprio corpo, estava imunda da cabeça aos pés. Suas pálpebras estavam pesadas e tão doloridas como seu corpo ferido, poupava suas energias ao permanecer com os olhos fechados e permitindo que sua dor fosse aliviada com as imagens de sua falecida filha e de sua neta.
Guenevire soltou um gemido de dor quando a porta foi aberta e as correntes chacoalhadas, o ferro a impedia de usar sua magia, a neutralizava. Ouviu passos pesados soarem pela cela e quase gritou quando uma mão se fechou em seus fios embaraçados, puxando sua cabeça para trás com violência, seus olhos se abriram rapidamente e mal teve tempo de pensar quando um copo foi empurrado com brutalidade em sua boca, água salgada escorreu por seus lábios feridos, causando ardência em seus machucados.
A fada se debateu, tentando se livrar das mãos de seu carcereiro, mas o copo de ferro bateu em seus dentes e ela apertou os lábios com força, o que não impediu o tenebriano de forçar sua boca a abrir, derramando o líquido salgado por sua garganta seca que arranhava e implorava por água fresca e potável.
Após ter sido obrigada a engolir a água, foi solta pelo tenebriano, Guenevire abaixou a cabeça, tentando recuperar o ar. Seria em vão tentar te livrar das correntes ao redor de seus pulsos que a penduravam no meio da cela, já havia abrindo feridas profundas em sua pele que dificilmente seriam curadas. Ao perceber que estava sozinha novamente, respirou com força, o estômago se contorcendo de fome.
Faziam dois dias desde que Guenevire comeu algo, um pão velho e seco que fora empurrada em sua garganta contra sua vontade. A única coisa que lhe dava força para suportar toda aquela tortura era sua amada neta, pelos deuses, como sentia falta de Freya. Se fechasse os olhos, conseguia visualizar o rosto contorcido em dor e angústia da neta, a última visão que teve dela antes dos demônios da Legião levarem a fada para longe.
Guenevire agonizava a cada dia que se passava presa naquele calabouço, mas a pior parte não era a tortura que sofria e sim o medo, medo do desconhecido, do que aconteceria com Freya agora que a fada não podia continuar encantando a garota para esconder suas habilidades com o objetivo de protegê-la das crueldades de Vitae. Freya estava sozinho com todas as recém descobertas catastróficas, como a fada desejava somente um momento para contar toda a verdade para a neta, numa tentativa de diminuir a raiva que ela sabia que a jovem carregava em seu coração, em decorrer a todos os anos de mentiras e enganos.
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Chamas e Sombras (Livro 1-Nascidos Do Caos)
FantasySéculos após a revelação de uma profecia dos deuses, Freya Krade, a última da sua linhagem, emerge como a personificação de uma linhagem mágica de fogo selvagem e sangue divino. Criada como uma arma pela Irmandade, uma seita caçadora de seres mágico...