Capítulo 42

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Freya e Lia avançavam com passos firmes e silenciosos, os sentidos aguçados por cada detalhe do ambiente sombrio

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Freya e Lia avançavam com passos firmes e silenciosos, os sentidos aguçados por cada detalhe do ambiente sombrio. A esfera de luz conjurada por Lia projetava uma luminosidade pálida, revelando apenas contornos vagos das paredes de pedra escura que as cercavam. O ar pesado parecia preso no tempo, como se ninguém tivesse ousado pisar naquele lugar em eras. Ao se depararem com um lance de escadas em espiral, a tensão no ar aumentou.

-São só escadas-sussurrou Lia, mas a insegurança em sua voz a traía enquanto estendia a mão para iluminar os degraus empoeirados. A ausência de pegadas reforçava a sensação de que haviam atravessado para um local há muito esquecido. Começaram a descer, os degraus ecoando sob seus pés, e cada passo parecia arrastar os minutos, transformando-os em horas.

A poeira no ar provocava ardência nos olhos de Freya, até que ela soltou um espirro discreto, tentando conter a irritação com uma leve esfregada no nariz.

À medida que desciam, as paredes ao redor revelavam símbolos arcanos e pinturas antigas que, sob a luz tremeluzente da elfa, pareciam ganhar vida. A escuridão dançava ao redor delas, criando formas indiscerníveis que apenas intensificavam o desconforto.

Finalmente, ao alcançar o chão, uma porta macabra surgiu à sua frente. Feita de madeira escura e adornada com uma caveira esculpida, os olhos da figura pareciam dois abismos insondáveis. Duas tochas ardiam ao lado da entrada, iluminando o cenário com uma luz bruxuleante que apenas acentuava o terror daquela cena. De repente, uma risada sinistra ecoou pela sala, vinda da caveira, seus olhos negros ganhando um brilho ameaçador.

-Liora Kraesa, filha do falecido general Uthel e da elfa druída Estel-zombou a caveira, sua voz carregada de desdém. -Você fez um sacrifício de sangue ao entrar, Guardiã.

Lia, mantendo a compostura, ergueu uma sobrancelha em resposta, embora sua mão ferida deixasse gotas de sangue no chão. Ela apertou a mandíbula, mas um sorriso provocador curvou seus lábios.

-Uma oferta de paz-respondeu Lia, sarcasmo evidente na voz.

A caveira ignorou a provocação, sua expressão esculpida permanecendo impassível.

-Retirem suas armas e poderão entrar. A biblioteca é um local sagrado, Guardiã-ordenou a caveira, sua voz reverberando pela sala com autoridade.

A guerreira hesitou, o desconforto evidente em sua postura. No entanto, sem outra escolha, ela desprendeu suas lâminas e as depositou no chão, junto à porta. Então, aproximou-se da caveira com os braços abertos, num gesto desafiador.

-Satisfeito?

Os olhos da caveira cravaram-se na elfa por um longo momento antes de se voltarem para a filha do fogo. Um lampejo de surpresa atravessou seu olhar macabro. Freya, sentindo o peso daquele olhar, foi tomada por um calafrio que percorreu sua espinha. 

-Aproxime-se, criatura desconhecida, e se apresente-ordenou a caveira, sua voz impregnada de um tom sombrio e autoritário.

Freya sentiu o coração acelerar, mas não vacilou. Com a cabeça erguida, deu mais um passo à frente, enfrentando a caveira de frente.

Chamas e Sombras (Livro 1-Nascidos Do Caos)Onde histórias criam vida. Descubra agora